E agora? (por Marcelo Vivone)

E agora?

Posiciono-me em frente ao notebook ainda sem saber como descrever com fidalguia, como exige o manual do torcedor tricolor, o que presenciei no jogo de quarta-feira.

Começo com algumas perguntas à parte da torcida que acha que está tudo bem quando jogamos de forma medíocre e covarde e saímos com a vitória e ainda acusa a parte que quer ver o time jogando com mais competência de “reclamona” ou afins: E agora que perdemos, está tudo bem? Gostaram do futebol que praticamos na última partida? Teve alguma diferença desse futebol para as outras partidas em que vencemos?

Volto a lembrar, que pelo menos no meu caso, já desisti de cobrar que o time jogue um futebol mais bonito, não obstante contarmos com Deco e cia no elenco. O que tenho cobrado, mesmo nas vitórias, é bom lembrar, é que o time pratique um futebol mais eficiente e, portanto, voltado unicamente para conseguir as vitórias que nos levarão ao título.

Discordo veementemente da turma do “está tudo bem, estamos ganhando” em relação à efetividade da postura tática adotada por nosso técnico. Já escrevi mais de uma vez que considero um grande risco a forma com que nos posicionamos em campo, pois atraímos o adversário para a nossa intermediária e a partida passa a ser jogada nessa região durante boa parte dos jogos. O formato descrito, por si só, já se configura em grande risco para qualquer defesa e ganha proporções ainda maiores para o nosso caso, dada a qualidade individual daqueles que compõem esse setor do time.

Se nos outros jogos portamo-nos dessa maneira somente após abrir vantagem no placar, no último jogo tivemos essa postura desde o início e durante 70 minutos, momento em que tomamos o gol.

Fiquei sabendo ainda durante a tarde de quarta-feira que não poderíamos contar com Deco e imaginei que teríamos mais problemas ainda do que nos jogos anteriores, visto que perderíamos um craque e o único jogador capaz de dar início as nossas jogadas de contra-ataque.

Mas a noite de horrores ficou clara para mim ao ver a escalação inicial do time. É inconcebível que um clube com uma camisa como a nossa entre em campo, seja ele qual for, até mesmo o Camp Nou, com uma formação como a de ontem. É claro que há muita dificuldade em enfrentar o Grêmio em seus domínios, mas nada justifica uma escalação como a de quarta-feira. Repito: nossa escalação foi indigna do tamanho da nossa camisa. Com todo respeito ao Madureira, a formação do time da quarta-feira era apropriada à camisa do tricolor suburbano, jamais à nossa.

De que adianta ter o elenco dito como um dos melhores, senão o melhor, do Brasil? De que adianta tanto investimento se a filosofia de jogo é a de time pequeno? Para adotar tal padrão tático, que tem nos acompanhado há várias rodadas, talvez fosse mais proveitoso ter um time mais modesto e utilizar esse dinheiro na aquisição de um CT ou no lindo projeto de revitalização das Laranjeiras. O que será que pensa o Celso Barros ao ver um time como o de ontem em campo, apesar de todo o dinheiro que coloca no nosso clube?

Escalar em um mesmo time Edinho, Anderson, Eusébio e Gum é um atentado contra o futebol. O que esperar de um time que tem em sua linha 4 jogadores como esses? Até os 20 minutos do 2º tempo nosso time havia errado 34 passes. É muito? Com certeza, mas para um time que tem esses 4 personagens é até pouco.

Para completar a escalação, ainda jogamos com mais um cabeça-de-área, o Fábio e, por força das circunstâncias (Carlinhos suspenso pelo 3º cartão amarelo), tivemos o Carleto na lateral esquerda. Cada participação desse último serve somente para sanar qualquer dúvida sobre a titularidade do Carlinhos.

Portanto, nossa formação apresentava 6 jogadores dos 10 de linha sem capacidade de atacar. Sobre Wallace, Tiago Neves, Nem e Fred não há o que reclamar. Participaram bem na parte defensiva e fizeram o que foi possível no ataque.

Antes que a turma do “somos o 3º colocado, está tudo bem” ou “quer ver jogo bonito, vai assistir showball” me acuse de romântico, reafirmo que minha cobrança é em relação ao time jogar um futebol que nos garanta os resultados, não estou aqui pedindo que seja necessariamente bonito. Como todos os demais torcedores, quero muito ver nosso clube tetracampeão ainda esse ano e temo pelo nosso futuro no campeonato se continuarmos a nos portar como time pequenos.

Rápidas

Técnico: Xingar não pode, então vou te dar os parabéns pelo noite de quarta-feira que você nos proporcionou.

Rafael Moura: O que foi a sua entrada no lugar do Nem? Meu Deus!

Marcos Jr.: Cadê o nosso novo Lanzini? Ontem era ele quem deveria ter entrado no lugar do Nem (se é que era para o Nem sair). Ah, mas ele não está nem ficando no banco.

Marcelo Vivone

 

11 Comments

  1. É André, nosso estilo de jogo não tá nada bom.

    Vamos ver se hj alguma coisa muda. Tomara!!

    Um abraço.

  2. Marcelo,

    Concordo com o seu raciocínio. Os próprios jogadores declararam depois do jogo que querem ver o time mais para a frente.

    Um abraço.

  3. Ronaldo,

    Gostaria tb de ver o Marco JR e o Higor melhores utilizados.

    Um abraço.

  4. Vivone, excelente coluna. Uma das suas melhores. Não tenho nem vontade de comentar sobre este esquema de jogo deste técnico. Vou me limitar a dar o braço a torcer em relação ao lateral esquerdo reserva: como é ruim este cidadão!

    Dura mesmo é a perspectiva de melhora, q não tô conseguindo enxergar.

    Como disse o Foca: Pro elenco que o Flu tem, o time está uma merda! Boa, Foca!
    Abs,

  5. Rods,

    Meu irmão disse que foi comentado no estádio no último jogo em casa que o Abel estaria dando um gelo no Marco JR por conta dele ter cotado o cabela no estilo Cascão. Não sei até que ponto isso é verdade, mas o que não pode é a gente ficar sem ele no banco e ter Moura e Samuel juntos, seja lá por que motivo for. Se for isso, pega o moleque a força e raspa o resto do cabelo. Sei lá.

    Um abraço.

  6. Gustavo,

    Não sei o que entristece mais, ver aquilo que foi apresentado na quarta ou as declarações pós-jogo do Abel. São pérolas do tipo: acho que o time atacou bem, não?; Não jogamos na retranca; e por aí vai.
    Aí fica difícil ter esperança de que vai melhorar né.

    Abraço.

  7. Perfeito ! Me desculpe quem o usa, não quero ofender ninguém, mas acho estúpido o argumento “está tudo bem, estamos ganhando”, citado aí no texto . E também outro argumento, que deriva do primeiro: “ganhou está ótimo, perdeu tá uma merda !”. Comemorar é uma coisa, torcer é outra. Comemorar quando o time ganha é fácil. É só comemorar ! Torcer é muito mais que comemorar. É mais profundo ! É QUERER que ganhe. É ter uma visão crítica. É querer que o time evolua, se estiver ruim. É querer que esteja o melhor posível, pois quanto melhor estiver, mais perto de ganhar estará. Mais perto estará de ganhar muitos jogos. Consequentemente, mais perto do título estará ! É uma questão matemática ! E pelo elenco que o Flu tem, o time está uma merda !

  8. Cade o Marcos Júnior ? E pq não começa a relacionar e colocar o Ígor ?. O cara é bola !!

  9. Também quero saber onde está Marcos Júnior. Sei que o Abel acredita que o atual momento é do Samuel, mas tem mesmo que optar por um garoto ou outro que nem compartilham o estilo de jogo?

  10. Pois é, amigo, era realmente questão de tempo, também venho batendo nessa tecla. O problema não é errar, mas é fundamental reconhecer os erros e aprender com eles, o que não parece ser o caso do comando de nosso futebol. Excelente análise!

    Grande abraço!

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