Mangueira, teu cenário é uma beleza! (por Marcus Vinicius Caldeira)

Caldeira Vermelho

Sou portelense, com muito orgulho. Tornei-me portelense ainda moleque, quando em 1980 descobri o disco de escolas de samba daquele ano (meu pai comprava todo Carnaval) e vi o desfile “Hoje tem marmelada” que falava do circo e tinha um sambão lindo do tricolorzaço David Correa.

Pois bem, a alma portelense não me impediu de flertar com outras escolas. Durante muito tempo torcia também pro Salgueiro por ser tijucano e por conta da minha mãe, salgueirense roxa. Depois, por conta do desfile “E por falar em saudade” me amarrei na Caprichosos e também tomei simpatia pela escola de Pilares. Escola de samba não é que nem time de futebol.

No começo dos anos 2.000, fui levado a Oswaldo Cruz e Madureira, mas precisamente, no pagode do trem, um evento recriado por Marquinhos de Oswaldo Cruz que relembrava o tradicional circuito que Paulo da Portela fazia tocando samba no trem da Central até a estação de Oswaldo Cruz e a paixão pela Portela voltou como nunca.

E a Mangueira?

Eu tinha um preconceito incrível com a Mangueira. Aquele preconceito classe média com o popular, manja? Terrível.

Até que em 2.002 fui pela primeira vez na quadra. O enredo era “Brazil com Z é para cabra da peste” que tinha um samba antológico de Lequinho, e a escola foi campeã com justiça. E desde então me apaixonei pela Estação Primeira e frequento direto a quadra até pela proximidade da escola com a Tijuca e Vila Isabel, onde moro.

Lá conheci muita gente boa. Eduardo, diretor da Velha Guarda é um figuraça, Dona Gilda, presidente da Velha Guarda, muita gente da Velha Guarda e da ala feminina, Bira Show (parente de Padeirinho e figuraça), fiz amizade com os seguranças, enfim, quase um mangueirense. Se fosse por frequência na quadra diria que seria um mangueirense e não, portelense.

Quando fomos campeões brasileiro em 2010, a Mangueira deixou entrar de graça quem fosse com a camisa do Fluminense e colocou faixas saudando o título. Afinal, Cartola seu principal fundador era tricolor roxo. Mais um ponto da Mangueira comigo.

cartola tricolor 2016

No Grupo Cultural Exaltação ao Samba de Enredo, do qual faço parte tem Frederico Cunha, mangueirense de carteirinha e a já citada Dona Gilda é nossa madrinha. Além disso, tive a oportunidade de conhecer Rubem Confete, uma enciclopédia nas coisas de carnaval e da cultura afro, mangueirense roxo e que representou Dom Obá, o príncipe do povo, num desfile da Mangueira.

E esse ano tocamos na quadra cinco vezes lá. Uma honra, um orgulho.

Enfim, minha relação com a Estação Primeira de Mangueira é estreita. E posso falar, a escola é um espetáculo, as pessoas que frequentam a escola idem, e falando de futebol, ela é mais tricolor que muita gente imagina. Muitos tricolores lá e tinha o Cartola e Padeirinho, dois baluartes, ambos torcedores do Fluminense.

Numa das minhas idas a quadra, tive o privilégio de ir lá pra cima do morro lá pelas cinco da manhã, bem acompanhado de uma cabrocha do morro, assistir ao alvorecer. È muito bom.

Mas sou Portela: que fique bem claro.

E a mesma Portela era para ter sido a campeã desse ano. Com um puta desfile, arrebentou na avenida junto com o Salgueiro e as duas eram as favoritas. Mas, tinha a Mangueira homenageando alguém. E isso ela sabe fazer como ninguém Foi campeã com Getúlio Vargas, Braguinha, Dorival Caymmi, Chico Buarque e agora com Maria Bethânia.

O resultado foi injusto. Mangueira não era para ter gabaritado Harmonia (vários analistas disseram que passaram várias alas sem cantar) e nem Alegorias e Adereços (tinha carro com problema de iluminação) e se não gabaritasse não seria campeã. Mas, como no futebol, desfile de escola de samba nem sempre é justiça… Azar de quem não foi campeão.

O fato é que Mangueira fez um belo desfile, não para o título, mas um belo desfile homenageando a diva Maria Bethânia, uma das maiores cantoras do mundo em todos os tempos. E conquistou os juizes. E é a campeã. “Sem choro nem vela” como diria minha mãe.

Parabéns a todos os mangueirenses.

Salve o Morro de Mangueira.

E em algum lugar, Cartola canta feliz: “A sorrir, eu pretendo levar a vida”…

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: mvc/pra

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1 Comments

  1. EU ESCREVO “QUIZ DIZER”. EU SOU ANAUFABETO COM “U”.

    EU SEMPRE VENHO AQUI ESCREVER MERDA PARA CONSEGUIR 15 SEGUNDOS DE FAMA, MAS O EDITOR É UM FILHADAPUTA E SACANEIA TODOS OS MEUS COMENTÁRIOS IMBECIS.

    EU ESCREVO MERDA EM CAIXA ALTA PORQUE GOSTO DE APARECER, MAS NINGUÉM VAI LER NADA DAS IDIOTICES QUE EU ISCREVO PORQUE ISSO AQUI É UM MURAL, NÃO UMA LICHEIRA COM CH.

    SNIF.

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