A intensidade do Flu (por Mauro Jácome)

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Vai dar time? Boa pergunta. Diferentemente do ano passado, as contratações foram melhor pensadas. No entanto, fiquei preocupado com o que vi nos dois amistosos nos EUA. Sei que é início de preparação, sei que a condição física não está em dia, sei que a parte tática leva tempo para se ajustar, que isso, que aquilo. Só que tudo isso tem que acontecer rápido, pois, a pré-temporada acaba daqui a dois dias e, já a partir da próxima quarta, serão 6 jogos em 20 dias: Atlético (27/01), Volta Redonda (31/01), Bonsucesso (03/02), Madureira (10/02), Tigres (13/02), Cruzeiro (17/02). Provavelmente, todos em viagem, porque Maracanã e Engenhão estão indisponíveis. 2015 foi um ano muito ruim e a torcida merece um 2016 diferente.

Mas por que fiquei preocupado? Depois dos jogos, fiquei com a sensação, mas não sabia exatamente o porquê. Hoje, vendo um desses programas esportivos, o comentarista falou em intensidade de jogo. Bingo! É isso: falta ao Fluminense essa tal de INTENSIDADE. Não gosto muito desses modismos que existe no jargão do futebol (propor o jogo, oscilar, verticalização, intensidade, encaixar a marcação) e que os especialistas, os que sabem até do campeonato de Burkina Faso, adoram. No entanto, INTENSIDADE caiu como uma luva na minha preocupação. Atacar, tomar as rédeas do jogo, sufocar, impor-se, ter mais vontade que o adversário, comer grama, ver a bola como se fosse um prato de comida, enfim, fazer um jogo com intensidade.

Ao contrário, percebo o Fluminense, e não é de agora, conformado com as condições do jogo, sem grandes ambições, enfadado. Lembrando do último time campeão, o do Abel, levava um sufoco desgraçado, mas defendia o resultado, um golzinho que fosse, com extrema garra e vontade. Os jogadores terminavam extenuados, exaustos, e a torcida quase enfartando, mas satisfeita e orgulhosa. Não tenho visto isso. Não que estejam fazendo corpo mole, mas falta a tal de intensidade, mesmo que seja para garantir o 1 a 0. Para exemplificar o que estou falando, é só comparar o segundo tempo do jogo contra o Palmeiras pela Copa do Brasil com a maioria. No Allianz Parque o time foi intenso, muito intenso, mas foi exceção.

Reconfiguração

Com mais saídas do que chegadas, pelo menos no lado técnico, quem será o melhor time brasileiro? Considerando-se o final do Brasileiro de 2015, as perdas corintianas e a manutenção do elenco atleticano, acho que o time mineiro é o grande favorito para sair da fila. Muita coisa pode mudar até maio, mas não acredito que nenhum time fará grandes contratações. Se os chineses não esvaziarem a Cidade do Galo, o Atlético sai na frente.

Equação do poder

Nossa! A FERJ é muito boazinha mesmo! Deu duas datas para que o Fluminense faça amistosos pela Primeira Liga. Fico impressionado com a cara-de-pau desse povo. Pior, exceto os torcedores, ninguém levanta a voz de forma efetiva. Pelo contrário, tudo parece que é a coisa mais normal do mundo. Ou é mesmo?

É fácil entender porque a FERJ, ou qualquer outra Federação, faz o que quer: há todo um arcabouço legal que sustenta essa estrutura do poder. Ameaçar se desfiliar, de jogar com algum Sub, isso ou aquilo, nada dará resultado, nada fará com que a montanha se mexa, exceto se for em bloco, se vários clubes agirem em grupo, um apoiando o outro. Tipo um motim. Um time sozinho vai conseguir, no máximo, punições, com o apoio da CBF, da FIFA e dos rivais, que querem mais é que os outros se explodam.

Se não for algo com força, em bando, só quebrando a equação, refazendo a legislação que dá suporte aos desmandos. Mas, nesse caso, tem que esperar sentado porque quem poderia mexer nisso faz parte da própria estrutura e se beneficia dela. Além da legislação, tem a TV, que não tem o menor interesse de que os clubes se fortaleçam, de que dependam menos das suas cotas e de que aumentem o poder de negociação. Em suma, esses desequilíbrios sustentam essa maldita equação do poder.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @MauroJacome

Imagem: mj/pra

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