Era uma vez, em universo paralelo, em que o Campeonato Brasileiro havia sido disputado de trás para frente. Da trigésima nona, transformada em estreia, até a primeira, que virou final, será que as emoções teriam sido as mesmas? Essa é a história do fim ao início que vamos contar.
Seis rodadas
Na sexta rodada do campeonato invertido, ocupávamos a 15ª posição, com mesma pontuação do Goiás, sete pontos em duas vitórias – sobre Vasco e Avaí – e um empate com o Internacional. Grêmio e São Paulo lideravam com doze pontos, o Vasco brigava pelo G4 com os mesmos onze pontos de Corinthians, Coritiba e Cruzeiro e a zona de rebaixamento era composta pelo Joinville (1), Ponte Preta (4), Palmeiras e Flamengo (5).
Doze rodadas
Quase um terço do campeonato ao contrário e o Flu flertava com a zona do rebaixamento. 16ª posição, com treze pontos, um a mais do que o Palmeiras, primeiro na zona que contava com o Goiás (12) e os lanternas Joinville e Flamengo, com oito pontos cada um. Na parte de cima, o Corinthians assumia a ponta e o G4 se completava com Cruzeiro, Sport e Vasco.
Quinze rodadas
Na décima quinta rodada, penávamos na zona do rebaixamento, em 18º lugar, com os mesmos catorze pontos de Flamengo e Atlético Paranaense, à frente apenas do Goiás e do Joinville. O Corinthians, mais líder que nunca, abria dois pontos sobre o Internacional, que era perseguido por Vasco e pelo Cruzeiro no G-4.
Fim do turno
O final do turno foi aterrorizante para o Fluminense. Uma série de derrotas nos levou à lanterna da competição, estacionados com catorze pontos, a sete pontos do Atlético Paranaense, primeiro time fora da zona. Víamos o rival Flamengo alcançar a 12ª posição em uma arrancada que a imprensa classificaria como “rumo ao título”. O Vasco não se segurou no G-4 e caía para a décima posição, com 28 pontos, o dobro de nossa pontuação. Já o Corinthians, abria seis pontos sobre o Inter, enquanto Santos e Atlético Mineiro entravam na briga pelo G-4.
Vigésima quinta rodada
Faltando treze rodadas para o final do campeonato, nossa situação era crítica. Matemáticos já davam prognósticos na casa dos 90% que cairíamos. Amargávamos a lanterna absoluta do campeonato, com vinte pontos, oito atrás do Figueirense, primeiro clube fora da zona de rebaixamento. A essa altura, o Vasco, na 13ª posição, tripudiava de nossa campanha. As capas dos jornais ainda anunciavam a luta do Flamengo para chegar ao G-4, já que estava apenas a seis pontos do Grêmio, quarto colocado. Enquanto isso, o Corinthians abria dez pontos do Santos, o vice-líder.
Trigésima rodada
O campeonato entrava na reta final e, enfim, reagíamos. Ainda na zona de rebaixamento, na 16ª posição com 31 pontos estávamos a três de sair da confusão, mas ainda a sete do Vasco, nosso rival mais próximo na tabela. O Flamengo, a oito pontos do G-4, arrefecia na arrancada rumo ao título, enquanto o Corinthians mantinha os dez pontos sobre o segundo lugar, agora ocupado pelo Atlético Mineiro.
Trigésima quinta rodada
Faltando apenas três jogos para acabar o Brasileirão, enfim deixamos a zona, mas o risco ainda era imenso. O Flu era o primeiro time fora da zona com 41 pontos, apenas a três de Avaí e Vasco. Na ponta de cima, duas derrotas seguidas do Corinthians combinadas a duas vitórias do Atlético Mineiro, fizeram a diferença cair para seis pontos, dando emoção à reta final.
O final, afinal
O Fluminense faria mais quatro pontos nos três jogos finais, chegando aos 45 pontos na 15ª posição, logo atrás do Flamengo, cuja arrancada não lhe levou para lugar algum diferente do meio da tabela. O Vasco, que vinha de uma série de derrotas, não conseguiu mais que três empates que lhe rebaixaram.
No fim da fábula, valeu pela superação nas rodadas finais, que deram alguma esperança para o ano que irá raiar. E que, no universo real, possamos comemorar mais que escapar.
Panorama Tricolor
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Imagem: josé eustáquio de oliveira – escritor