Eduardo Baptista chegou ao Fluminense com o firme propósito de não desapontar os seus principais medalhões: Fred e Ronaldinho Gaúcho. As suas primeiras entrevistas, já como treinador do Flu, deixaram bem claro que Fred seria (a única) referência na frente e, mais cauteloso em relação a R10, afirmou que o gaúcho seria escalado de acordo com o seu merecimento, ante a sua inegável qualidade técnica. Vale lembrar que esse “merecimento” veio após a sua terceira partida no comando técnico da equipe – hoje -, quando Ronaldinho havia participado das duas anteriores de forma – para não dizer o menos – bastante discreta.
Outro dos cartões de visita do nosso novo treinador foi, diante de um elenco em ebulição, tentar conter a surreal série de derrotas tricolores no campeonato brasileiro. Contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, isso ficou bem claro: um time que se acertou razoavelmente defensivamente – pelo menos não sofreu gol -, mas que foi absolutamente inofensivo na frente, onde a única opção ofensivo era o Fred, sem qualquer apoio de um meio de campo que estava com as atenções totalmente voltadas para guarnecer a defesa. Veja-se, por exemplo, Cícero postado atrás da linha de meio de campo, raramente indo à frente auxiliar o ataque.
Foi com essa estratégia que o Flu iniciou a partida contra o Goiás, exceção feita ao retorno de R10 como titular no lugar do voluntarioso Marcos Junio.
Diferentemente da partida anterior contra o Grêmio, contudo, o tricolor, nos primeiros vinte minutos, conseguiu finalizar três vezes – ainda que “petelecos” – demonstrando que, se o empate contra os gaúchos foi um bom resultado – na concepção de Eduardo Baptista – não o seria, porém, contra o esmeraldino.
Mas no primeiro tempo o Flu continuou sendo um time atordoado, sem qualquer estratégia ofensiva, preocupado demais em não sofrer gols, em que pese Marlon ter sido displicente em pelo menos quatro oportunidades, situações que, por muito pouco, não resultaram em gol do Goiás. E ainda errou passes demais, sobretudo pelo lado esquerdo – lado mais acionado – com Léo e Scarpa. Cícero, apesar de importante função defensiva, arriscou alguns passes mais longos, acertando uns e errando outros. Eu o prefiro mais adiantadao, onde costuma proporcionar boas jogadas ofensivas e até aparecer como elemento surpresa para marcar gols.
R10 foi o mesmo R10. Abaixo da crítica. Começou como titular para não ser desagradado. Apenas isso.
E o gol? O Flu fez o gol de sua vitória parcial graças à “malandragem” de Ronaldinho. Nisso ele é bom, talvez porque sua vida desregrada, nesse quesito, o ajude. Cobrou rapidamente uma falta para Léo, que cruzou para Fred se antecipar aos zagueiros e fazer o tento tricolor. Fred, aliás, o melhor da primeira etapa. Como a bola chegava pouco, recuou para armar jogadas e as melhores surgiram justamente de seus pés.
Fred, se não foi brilhante, foi brioso.
E assim terminou o primeiro tempo, não sem antes algum sufoco do adversário e uma defesa espetacular de Cavalieri, salvando o Flu do empate no final.
O segundo tempo já se iniciou sem R10. Alteração acertada de Eduardo Baptista, uma vez que nem o nome, nem o currículo do jogador poderiam mantê-lo em campo ante tamanha inércia, sofreguidão e desinteresse.
Marcos Junio, seu substituto, deu mais movimentação à equipe e, antes dos cinco minutos, a mudança deu resultado. Fred deu um passe inteligente, verdadeira assistência, que deixou Scarpa livre para dar uma belo “lençol” no zagueiro e marcar um golaço, de bate-pronto. O Flu ampliou em ótimo momento, quando o Goiás ainda se arrumava em campo, resultado que lhe dava certa tranquilidade.
Logo após o gol, o Flu teve uma grande chance com Marcos Junio e passou, a partir daí, a admininstrar o resultado, esperando o Goiás para matar o jogo num contra-ataque.
A defesa se acertou, vacilando menos e o time foi mais incisivo, talvez pela necessidade de o Goiás avançar para tentar pelo menos um empate, mas de qualquer maneira, foi um segundo tempo muito melhor do que o primeiro, o melhor período, por certo, sob o comando de Eduardo Baptista.
Embora o Goiás passasse a ter mais posse de bola, o Tricolor administrava bem o jogo. Oswaldo ainda entrou para puxar os contra-ataques e Welington Paulista para poupar Scarpa que já estava amarelado. Cavalieri fez outra defesa sensacional em chute de Zé Love, consequência de um Flu mais recuado, propositalmente, à espera de um lance derradeiro para definir a partida. Logo em seguida, fez outra boa defesa em cobrança de falta e, em outro tiro, o Flu foi salvo pelo travessão.
O terceiro gol não saiu, mas veio a primeira vitória no returno. Importantíssima, fundamental, principalmente porque o próximo jogo será contra o Santos.
Vá lá que o Goiás não tenha sido um adversário a impor muitas dificuldades ao Fluminense, mas depois de uma sequência tão negativa, os três pontos foram essenciais, sobretudo para recuperar o moral do grupo para afastar qualquer risco de rebaixamento no campeonato brasileiro e avançar na Copa do Brasil.
E se eu tivesse que resumir a partida de hoje em uma única palavra, esta seria: ufa!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @Fleury
Imagem: Pan
Caro Felipe, também acho que o Goiás não foi tão difícil quanto imaginava. Porém, não desmereçamos a vitória, afinal este mesmo time venceu nas últimas dez rodadas o São Paulo por 3×0 no Morumbi, o Vasco por 3×0, Palmeiras 1×0 e Sport 2×1, todas em casa. Percebe-se que não era um morto, mas um time lutando por uma reação. No mais, concordo plenamente com sua brilhante análise. Forte braxx.
Obrigado, Luiz. Por certo eu não desmereci, embora tenha lhe parecido, talvez porque citei o fato de o adversário não nos ter imposto muitas dificuldades. Afinal de contas, perdemos para times ainda piores no campeonato e, depois de oito derrotas, tivéssemos vencido o Íbis e eu estaria soltando fogos…