Alô, alô, Flapress! (por Zeh Augusto Catalano)

quinta-feira

segunda-feira

Prestem atenção nestas duas capas. Elas são da semana passada, respectivamente de segunda-feira (o mais querido venceu o São Paulo no Maracanã no domingo) e de quinta-feira, tendo na véspera o Fluminense se classificado ante o Paysandu, em Belém e, na partida do Maracanã, o Flamengo tendo sido eliminado da Copa do Brasil.

Este é apenas um exemplo do brutal destaque dado para um time em detrimento do “resto”. Muita gente boa não enxerga essa diferença e a atribui a uma paranoia, mania de perseguição, inveja… Outros reconhecem que isso acontece mas minimizam o problema. “Ah, isso é bobagem. É para vender jornal”. Não percebem que isso afeta pessoas com menor poder de discernimento, que acreditam que o jornal diz a verdade sempre, e crianças, que passam a acreditar nessa diferença.

Se esquecem que isso é prejuízo financeiro. Quantificável. Existe um cálculo chamado centimetragem, que é como as assessorias de imprensa medem seus resultados na imprensa escrita. Simplificando, é quanto você gastaria se quisesse pagar um anúncio naquele espaço do jornal ou revista ocupado pela matéria. Não preciso dizer que a capa é disparado o espaço mais caro de qualquer veículo. Então, por ai vocês calculam a fortuna que vale a matéria com foto de segunda e a diferença gigante de retorno entre as duas capas.

Falando então em prejuízo: imaginem a felicidade dos patrocinadores de Fluminense e Vasco, que pagam fortunas para estamparem suas marcas nas camisas dos clubes, ao verem que, no dia de vitórias importantes, foram relegados a uma notinha de rodapé miserável. Isso é prejuízo financeiro certo para os clubes, pois na hora de uma renovação, o patrocinador não vai querer pagar o mesmo para estar na camisa do Flu. Ele quer o lugar do Guaravita no ombro do Guerrero. Porque esse vai aparecer na capa.

Por isso a diferença de valor nos patrocínios, na relação com a adidas, entre outros. E pior, isso é um ciclo vicioso. Quanto mais tempo passa, maior a exposição deles, maior o abismo e assim sucessivamente.

Como combater isso?

O primeiro passo para se resolver um problema é reconhecer que ele existe. Se ao ler esse texto, um único tricolor compreender que isso não é uma coincidência e perceber o tamanho da manipulação à qual, conscientes ou não, somos submetidos, terei atingido meu objetivo.

Que fique claro que isso não é exclusividade do Globo.

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Já vi vários jogadores marcarem gols e correrem para suas famílias, instaladas no estádio em local combinado ou previamente avisado. Não me lembro de ter, até este domingo, visto algum jogador correr pra abraçar um dirigente de futebol na arquibancada. Muita criatividade.

Abraços.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagens: O Globo

6 Comments

  1. E eis que, hoje, o Globo Esporte divulga, em seu site, uma matéria em que diz que a “Viton 44” pretende deixar o Fluminense em outubro.

  2. Parabéns pela matéria,pois,isso acontece,creio que em todo o Brasil,porque,aqui onde moro (Manaus),o jornal de maior circulação do estado faz o mesmo,as vezes só noticia coisas negativas de outros clubes,porém sobre o flamengo é notícia todo dia.
    Como sugestão ao amigo,gostaria que você escrevesse sobre essas pesquisas,pois,tenho observado,que sempre que o clube da mídia (flamengo) está em baixa,sai uma pesquisa favorecendo esse clube,será que é pra manter o time da mídia sempre por cima.
    ST

  3. Abordagem precisa e didática do assunto. É assim que nos tocam feito gado. Só que isso não é novo, não é de hoje, isso vem do final da década de 70. O estrago está estampado em cada esquina, em cada pesquisa de popularidade e a justificativa são as evasivas “mercadológicas” de sempre, numa inversão flagrante da relação causa-efeito.

    A solução é conscientização. Não comprar, não ler, não assistir. Até quebrar todo esse lixo midiático oportunista e autoritário.

  4. Perfeita a sua observação Catalano. Isso existe sim e, na minha modesta opinião, é criminoso, pois, trata de forma desigual clubes gigantes da mesma cidade. A solução? Não sei. O primeiro passo? Ninguém comprar estes jornalecos, nem assistir a estes canais. Na minha casa é vedado Rede Globo, Jornal O Globo. Um forte braxx.

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