Uma colaboração para o PANORAMA.
Dona Maraca tinha quatro filhos, Flávio, Flúvio, Bottas e Vaz. Ela não fazia distinção de nenhum desses filhos até que construiu sua casinha. Todos os filhos já tinham suas casas, mas eventualmente ficavam nos dois quartinhos que ela havia construído para recebê-los. Porém, Vaz tinha prioridade. Era o filho caçula, que conquistou a afeição de dona Maraca de vez no episódio da construção de sua casa, em que se destacou. Assim, a partir de então ele sempre podia escolher o quartinho em que iria ficar, e sempre escolhia o da direita, que mais lhe agradava, embora ficasse mais distante para ir andando.
Tudo ia bem até que Flávio e Flúvio, além de Bottas, tiveram problemas com suas casas, que não estavam mais adequadas aos tempos modernos, e eles não tinham dinheiro para reformá-las. Como resultado, passaram a frequentar mais os quartinhos da casa de dona Maraca, sempre se revezando. Vaz, mesmo tendo sua casa, apesar de antiga, também aparecia lá, e mantinha sua prioridade.
Chegou um dia, porém, que Dona Maraca acabou por reformar e vender a casa. A compradora, Dona Odete, conversou com Flávio e Flúvio, que tinham interesse em alugar a casa, cada um com um quartinho, já que Bottas já havia conseguido alugar uma casa para si há pouco tempo. Ambos os filhos entraram em acordo com Dona Odete, cada um com um quartinho, e passaram a morar lá. Os irmãos mantiveram um bom relacionamento com os demais, permitindo-lhes que estes usassem a casa de vez em quando, como forma de nostalgia, bastando que pagassem uma quantia simbólica a dona Odete por cada dia que passassem lá. Vaz, compreendendo que a casa agora não era mais de Dona Maraca, passou a não mais exigir sua preferência antiga, o que era natural.
Porém, recentemente, o filho mais velho e birrento de Vaz, Euri, querendo chamar a atenção do pai e ganhar sua afeição a qualquer custo para mascarar suas falhas de caráter, reavivou a questão da preferência, envenenando a mente do pai, que acabou por brigar com seus irmãos, querendo que a preferência voltasse a ser respeitada. Flávio não se meteu, já que a briga era com Flúvio, pois este ocupava o quartinho que Vaz anteriormente tinha preferência. Flúvio argumentava que ali era sua casa definitiva agora, pois sua casa antiga não fora ainda reformada, e ele tinha um contrato para provar isso; logo, o direito era dele. Vaz não se convenceu e, cada vez mais manipulado por Euri, provocou uma briga definitiva entre a família.
Agora, Vaz exige que Flúvio saia do seu quartinho sempre que ele for para lá, ou não vai mais comparecer às reuniões de família na antiga casa de Dona Maraca, agora de Dona Odete.
Coisas da vida.
Foi um prazer colaborar com o Panorama, do qual sou frequentador assíduo. Um abraço para todos e espero que tenham gostado.