Ronaldinho (por Paulo-Roberto Andel)

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Não esperem nestas linhas nenhum aprofundamento sobre o tema: teorias de marketing, escáutis, teoremas de gestão etecétera. O que eu quero é sossego. Superficialidades.

A ESPETACULAR contratação de R10 leva o Fluminense à efervescência. Ronaldinho é um nome cercado de polêmica, bem menos do que deveria.

Para alguns, um ex-jogador em atividade aos 35 anos de idade.

Para outros feito eu, que foram criados no Maracanã com Deley e Romerito, um monstro do futebol.

Acompanhei sua carreira desde os primórdios – e lá, só teve dois rivais à altura técnica em sua geração: Felipe e Roger. Mais tarde ele os superou: virou a fera do Barcelona, ganhou o mundo, aprendeu a finalizar e cobrar faltas.

Seu último desafio no Brasil foi o Atlético Mineiro. Deu no que deu: Libertadores.

Craque. Craque para cacete. Craque à enésima potência. Monstro. Digno da Máquina.

Só de pensar na possibilidade de grandes dribles e lançamentos fantásticos, já anima o cenário.

“Minha cabeça rolando no Maracanã/ quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas”, Chico Buarque.

Claro, contratá-lo embute um pacote adicional de boemia, mas nada que seja distante do que acontece em quase todos os grandes clubes brasileiros – nenhum caipisaquê atrapalhou nossos grandes títulos em 2010 e 2012. E a possível contratação não se dá por planejamento, mas por oportunidade pontual: Wagner, que havia renovado recentemente por quatro temporadas, foi embora.

O Fluminense é um time de futebol, não um mosteiro.

Entendo e respeito perfeitamente a legião de torcedores que se opuseram à possível contratação do craque R95, que pode dar certo ou não em seu canto do cisne nos gramados. Mas não custa lembrar: em futebol, todos – sem exceção – dão seus tiros n’água.

Recordo uma passagem de vinte anos atrás, que foi muito celebrada no Flu recentemente: 1995.

Naquela época, dois jogadores experientes – e sem clube – foram contratados com forte rejeição de boa parte dos torcedores tricolores, motivada por ambos não estarem em grande fase e no limiar da carreira, além das notórias ligações com um clube rival.

Vieram e, cinco meses depois, foram os protagonistas do maior gol de todos os tempos. Aílton e Renato, outrora muito ligados à Gávea.

Se a opinião (justa) de muitos tricolores tivesse prevalecido, talvez o gol de barriga jamais tivesse existido.

Já pensaram?

“Quem é esse cara?”, sobre a chegada do paraguaio Romerito em 1984.

“Porra, ele foi mandado embora do Botafogo e do Flamengo, como vai servir para nós?”, sobre Cláudio Adão em 1980.

“Para que esse contrapeso?”, sobre Assis 1983.

“Trazer esse velho bichado?”, pensando nos shows de Deco em 2012.

“O que esse veterano vai fazer em campo?”, Roger em 2007 contra o Figueirense.

A vinda de Ronaldinho foi cercada de dúvidas, nenhuma delas plausível por conta de seu talento magistral.

Uma vez concretizada, o sucesso dela também é incerto.

É risco. Faz parte do jogo. E que jogo!

Quanto Vinicius, Gerson e toda a base do Flu não podem aprender com pentacampeão mundial?

Quanto isso pode significar em chances de conquista?

De concreto mesmo, apenas um calhamaço de histórias de rejeições que terminaram em festa, feitos heróicos, ídolos imortais e um momentâneo lapso de memória. 

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra/exulla

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14 Comments

  1. Como bem disse o belo trio do Panorama de Salto após o jogo contra a raposa no newmaraca: “O Fluminense vai disputar o título!”.
    E agora, com R10, é seríssimo candidato ao título da LA2015 também!
    SSTT4!!!!

  2. O craque tem suas polêmicas com festas, porém, por onde passa traz títulos e vou ser bem verdadeiro: minha cabeça só pensa na possibilidade de abraçar a Libertadores e jogar o mundial com o atual elenco + R10!

  3. Estávamos precisando de uma chavoalhada para começar a pernsar mais alto.
    O Ronaldinho é esta cereja do bolo.
    E vale lembrar que o até aqui melhor time do campeonato, as galinhas de minas, vão tremer quando virem o dentuço de outro lado. 🙂
    Abs

  4. Espero estar errado. Mas gostaria muito de entender como essa personagem se encaixaria neste fluminense que nós vimos na quinta-feira.
    Tudo bacana. Vender camisas. Espaço na mídia.
    E o time como fica? Quem, ganhando frações do que o cara vem ganhando, vai correr pelo boneco?
    Arriscar tanto num momento em que as coisas começavam a caminhar me parece uma temeridade.
    Mas, provavelmente, devo estar errado; o futebol moderno deve ser mesmo este ôba-ôba.

    1. Andel: Na quinta-feira, sua referência, certamente você aplaudiu muito o time. Nele, tem gente que já disse que não vestiria mais a camisa do Flu de jeito nenhum, principalmente em segunda divisão. Gente que supostamente tem acordos financeiros piores do que qualquer oba oba. E a atuação foi fantástica. Tudo depende do referencial. Ou da hipocrisia dos atores, já que o elenco do Fluminense está bem longe de ser um abrigo de irmãs de caridade. ST.

  5. Sem contar o Rivelino, que veio chutado do cúrintia.
    P.S: “Essa foto pode!!!!”” rsrsrs

  6. Você se esqueceu da rejeição ao Emerson “Sheik” e o gol do título em 2010.
    ST

    1. Andel

      Não esqueci não. Inclusive publiquei um livro a respeito.

      Se colocasse todos os casos de rejeição, esta coluna teria dez páginas.

      ST.

  7. Estou contigo Andel!
    Temos de pensar grande.
    Tudo conspira para o sucesso.
    Saudações tricolores!

  8. Boa Andel!
    Perfeito o seu levantamento dos comentários “mau agourentos” do passado.
    Também prefiro ver a parte CHEIA do copo “meio vazio”.
    Nosso orgulho está de volta no “pós” Unimed.
    ST’s

  9. Estou empolgado! Acredito que oode dar muito certo. A torcida tem que apoiar e encher casa vez mais o estádio. É isso que motiva o dentuça (claro que uma conta gorda também).
    O Fluminense tem a predileção para a glória!
    ST

  10. Pois é, Andel. Melhor dar um tiro n”água apostando num craque do que vários ilustres desconhecidos.

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