Retrancas (por Marcus Vinicius Caldeira)

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O Fluminense enfrentou no último domingo o Sport pela sexta rodada do campeonato brasileiro no Maracanã. Um jogo que terminou zero a zero, com o Flu criando poucas oportunidades de gol. Clara e cristalina mesmo, só uma com Marcos Jr. no final do jogo, cabeceando frente a frente com o goleiro. Só que o fez para baixo demais e foi possível a defesa para salvar o gol.

Mas o que chamou mesmo a atenção foi a postura defensivista do time do Sport. Não foi uma retranca clássica propriamente dita, mas o time pernambucano veio postado para defender primeiro e depois, se desse, atacar – e o fez muito bem, congestionando o meio campo e marcando forte atrás da linha da bola, dificultando muito para o Fluminense.

Aliás, não é a primeira vez que um time no Maracanã joga assim contra o Tricolor. O Joinville veio totalmente retrancado e quase arrancou o empate aqui, só não conseguindo porque, lá pelo final, Gerson deslocou e abriu espaço para o Vinicius chutar forte de fora da área, fazendo o gol da vitória. Depois o Corinthians, que não joga retrancado mas num 4-1-4-1 bem defensivista, procurando se defender primeiro para atacar depois. Nesse jogo, o Fluminense até criou o oportunidades, já que o Corinthians ataca também. Mas a partida terminou empatada.

Contra o Coritiba, mais um time fechadinho sem preocupações ofensivas, preocupado mais em marcar. Porém, uma falha individual ainda no primeiro tempo permitiu ao Fluminense abrir o placar e, depois, construir a vitória.

O próprio Flu do Enderson hoje joga compactado, fechado, sem dar espaços para o time adversário. O treinador tem se preocupado em acertar o sistema defensivo (que era o calcanhar de Aquiles do time) para depois ver o resto.

A verdade é que a tônica dos times que vem aqui jogar é adotar, senão uma retranca, um esquema defensivo.

Parece regra no futebol brasileiro. Não há problema nisso, já que os times têm de saber de suas limitações e conquistar o objetivo do jeito que dá.

Algumas retrancas fizeram sucesso no futebol mundial. A primeira – e famosa – foi o Ferrolho Suiço de 38 que eliminou a Alemanha nazista na Copa. O time jogava com um líbero atrás de três centrais e os pontas foram transformados em laterais. A ideia era reduzir os espaços, evitar que a bola chegasse perto da balisa e sair em contra-ataques com a equipe adversária desarrumada.

Do Ferrolho Suiço veio outro sistema defensivista, o Catenaccio italiano. A estratégia também partia dos princípios do primeiro: solidez defensiva e contra-ataques rápidos. Parecia um 4-3-3, mas na prática era um 1-3-3-3, com um líbero atrás de uma linha defensiva de três. Depois uma segunda linha de três no meio com características ainda defensivas. A ideia era defender e sair em contra-ataque com lançamentos longos para os três que jogavam na linha mais a frente. O esquema fez sucesso com a Inter de Milão na década de 60.

Na Copa do Mundo de 98, o Paraguai chegou a assustar com um sistema que prezava a defesa e tinha no goleiro Chilavert e no zagueiro Gamarra seus maiores trunfos. E caiu injustamente para a França na prorrogação.

Recentemente, em 2011/2012, tivemos o Chelsea de Di Matteo parando o Barcelona de Messi (que jogava e joga num 4-3-3) e companhia com um esquema extremamente defensivista. O time jogou num 4-1-4-1 muito bem compactado, formando uma área de 30 metros entre a primeira linha e a última, e onde as linhas defensivas não saiam na individual aos atletas do Barcelona, evitando as infiltrações. E eles conseguiram eliminar o time catalão e sagraram-se campeões da Europa.

Voltando aos dias atuais, parece ser uma tendência aqui no Brasil estes tipos de sistemas, o que torna o jogo feio. O Fluminense adotou o 4-2-3-1 como tática de jogo, mas – me parece – tem como padrão tático a redução dos espaços e o toque de bola para chegar no gol. Os laterais são mais defensivistas do que partem para o ataque. Parece que o esquema é bom em jogos contra times que atacam mais e têm mais a posse de bola, como foi contra o Flamengo. Mas em jogo contra times defensivistas, apesar de não ter perdido jogo, é nítida a dificuldade para furar a retranca.

Acho que é preciso voltar com um homem de velocidade na linha de três atrás do Fred e é preciso mais movimentação do meio para encontrar os espaços.

De resto, gostei desse início do Enderson – principalmente pelo acerto do sistema defensivo e pela compactação do time.

Mas que encontre uma outra maneira de jogar contra times que vêm aqui somente para se defender.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: canelada

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2 Comments

  1. Caldeira, bom dia!. No jogo do Sport contra o Santos eles não jogaram na retranca como contra nó. Contra o Flu todos jogam na retranca, por respeito e medo. Só os torcedores do Flu (maioria, pelo que se vê nos blogs), acham que o nosso time é ruím.

    1. Verdade. Todos até agora que vieram ao Maraca jogaram retrancados.

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