Logo mais e o fullgás (por Paulo-Roberto Andel)

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Depois de uma semana decepcionante para a maioria dos tricolores, o Fluminense volta hoje a campo em seu quase aquário natal para um difícil jogo contra o Corinthians.

Muitos torcedores estão reclamando da baixa procura de ingressos antecipados para esta partida, cobrando dos companheiros de arquibancada uma participação mais incisiva num momento difícil. Um argumento justo.

Desta vez, contudo, não se tratou do que muitas vezes sugere um descompromisso de parte da torcida para com o Flu. O contexto é outro.

A minguada procura pelo setor B até aqui foi, na verdade, um sentimento de repulsa a todos os acontecimentos sucessivos desde a desastrosa atuação de domingo passado.

Perder e ser goleado são fatos comuns no futebol.

O que muitos torcedores não aceitam de jeito nenhum é quando um péssimo resultado pode (atenção: PODE) ter sido a decorrência de má vontade em campo, desconfiança que já aconteceu noutras oportunidades nefastas com parte deste mesmo elenco, vide Santos 2013, América-RN e Chapecoense 2014. O tricolor jamais aceitará a suspeita de descaso em campo, quanto mais o próprio.

Nesta semana que passou, não tivemos um único dia sem um acontecimento desagradável para a nossa massa. Uma sucessão de problemas, todos relacionados a certa escassez de lida política que tem rondado as Laranjeiras nos tempos atuais (Drub, Enderson, a contratação do reserva do reserva do reserva do Cruzeiro, reajuste dos ingressos) – favor não confundir esta opinião com acusações de má fé, o que seria um prato cheio para absolutistas de plantão, ávidos por processar quem simplesmente discorda deles.

Hoje, a missão do time do Fluminense é bem maior do que conquistar três pontos diante de um grande adversário. Trata-se, na verdade, de mostrar que a pavorosa goleada de domingo passado frente ao Atlético foi apenas um desastre involuntário.

Mostrar garra, atitude, dignidade, compromisso com a vitória mesmo com um time mais limitado em relação a temporadas anteriores, independentemente da torcida fazer a tradicional grande festa, desafiando inclusive o péssimo atendimento para aquisição de entradas. Os jogadores têm contrato com o clube, não com a festa. Basta que sejam profissionais na acepção da palavra. O torcedor não compra ingressos ou pay-per-view pela certeza da vitória, mas sim da luta. E quando reconhece o esforço, é capaz de apoiar até no insucesso, caso do aplauso de 50 mil torcedores ano passado após a derrota para o Vitória, no Maracanã.

Que o time conte com os maníacos de sempre. A velha Fôrça Flu das grandes lutas estará lá com várias de suas gerações, conforme anunciado. Muitas mais. Rivellino também.

Podem ir quinze ou vinte mil torcedores na hora. Ou mais ou menos. O futebol não se limita a festejos, por mais que eles sejam desejáveis – são! – e por mais que o apoio tenha sua importância. Muitas vezes o apaixonado pelo Nense resolve proceder sua fé no último momento – e sofre com a pavorosa contrapartida dos guichês do Maracanã.

Mas o time em campo precisa entender que seu compromisso com as Laranjeiras não depende exclusivamente de arquibancadas festivas. Basta que faça jus aos contratos assinados, até para que possa cobrar dos dirigentes eventuais as falhas que podem estar – ou estão –  acontecendo.

A presença da nossa torcida é fundamental dentro ou fora de casa. Desta vez, o tricolor padrão mostrou-se-se traído pela inércia em Brasília e por uma semana de acontecimentos bizarros, respondendo com a rejeição pontual. O torcedor do Flu é um apaixonado por excelência, acostumado a remar contra a maré. Que os jogadores mostrem em campo que tudo não passou de sete dias infelizes. Isso acontecendo, a volta da multidão será imediata.

Um erro de avaliação neste momento não pode ser cometido: confundir o torcedor louco pelo Fluminense com um otariozinho, um absoluto incapaz de exercer seu espírito crítico em função da paixão, enxergando apenas beleza em situações desastrosas. A rejeição ao instante pode acontecer de várias formas: a ausência, a presença com cobrança (que vai acontecer logo mais) ou a crítica intensa – que pode vir inclusive com caudalosas vaias, um direito inalienável dos torcedores de futebol que não pode ser barrado por nenhum déspota de quinta categoria.

Aos que condenam o ato de vaiar, meu profundo respeito pela opinião (também não vaio). Ao mesmo tempo, é impossível não lembrar de três dos jogadores mais vaiados da história do futebol mundial que, quando apupados, responderam com gols, atuações de gala e/ou e conquistas: Renato Gaúcho, Romário e Paulo Cezar Caju. Craques incontestáveis que, um dia, defenderam o Fluminense em campo com sucesso.

Os tempos são outros. Mas com o Tricolor voltando a ser o de sempre a partir de logo mais, o grosso de sua torcida imediatamente sinalizará com sinal positivo. Ela tem sofrido muito nos últimos anos e se manteve fiel da mesma forma. Tem mostrado serviço. Acontece que paciência tem limite e, especialmente hoje, ela quer uma contrapartida em campo para retomar seu fullgás. É assim no cotidiano, na amizade, no amor, nas relações fraternais e não seria diferente no futebol. Quando um time mostra garra, atitude e superação, toda a torcida apoia até mesmo na lanterna de um campeonato, vide 2008 e principalmente 2009.

Até aqui, não havia falado de Enderson Moreira. Boa sorte ao novo treinador, por mais que sua chegada às Laranjeiras tenha sido marcada por densas nuvens pretas no céu, em mais de um sentido. Oxalá a ameaça de tempestade se afaste do estádio mater do futebol brasileiro, infelizmente vitimado pelo descaso – mas não sozinho.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: marcos silva/guis

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1 Comments

  1. Bom dia!!!
    Também sou da torcida que não vaia,vaiar o FLUMINENSE!! eu não consigo me imaginar nessa ação, porém xingar jogador…cara tenho xingado muito o Jean,tomara que hoje eu diga que estou equivocada.
    Que venha o Corinthians !! Bando de loucos!!? E daí ? Estou na minha CASA!!!
    Saudações Tricolores!

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