Rompam com a Ferj. Mandem Eurico às favas. Ignorem o inexistente presidente do Botafogo. Façam o que tem de ser feito para que esses que nos querem mal sejam obrigados a respeitar-nos pela força da lei. Façam isso. Mas não façam acordo com o Flamengo, jamais.
A questão aqui não é mera rivalidade esportiva. Claro que não. Fosse assim, não poderíamos ter acordo com ninguém no mundo do futebol, pelo simples fato de que, numa competição esportiva, tirando o seu time, todos são rivais, por definição. A questão é bem outra e basta um pouco de memória para entendê-la. Vamos aos fatos, apenas dois episódios singelos – os que me vêm à cabeça de imediato, porque, fazendo algum esforço, recordaria de outros tantos mais.
Começando pelo mais grave: o caso “Lusamengo” de 2013. Uma semana após o fechamento da 38ª rodada, a grande imprensa finalmente divulgou o que já sabia desde o domingo anterior: a grande possibilidade de rebaixamento da Portuguesa. O que se omitiu – e hoje isso é cristalino – foi o fato de que o rebaixamento da Portuguesa salvaria ninguém menos que o Flamengo e não exatamente o Fluminense. Isso sabemos hoje. E na época?
Na época, todo mundo lembra: fomos achincalhados, linchados, humilhados, nós os tricolores. Para não chamar a atenção, um dos maiores suspeitos de envolvimento no caso, o Flamengo, estava quietinho, certo? Certo o cacete. Lembremos o que disse o senhor Bandeira de Mello: “Isso você pode escrever. Enquanto nosso grupo estiver no Flamengo, o Flamengo nunca vai usar esse tipo de expediente. Disputar a Série B não é nenhuma vergonha. Vergonha é o golpe que estão tentando dar. Nós estamos tentando moralizar o futebol brasileiro, assumir nossas dívidas, pagar em dia, e agora querem mudar os resultados do campo, que é o de mais sagrado há no futebol. É uma atitude indesculpável.”
Para quem não acredita, vejam só:
http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/bastidores-fc/post/bandeira-de-mello-sobre-fluminense-e-vasco-fossecom-o-flamengo-jogariamos-serie-b.html
O sujeito das orações “querem mudar os resultados do campo” ou “estão tentando dar [um golpe]” é o Vasco, que justamente buscava os pontos da partida contra o Atlético Paranaense, e nós, o Fluminense.
Olhem o que ele disse também depois do julgamento no STJD:
http://esporte.ig.com.br/futebol/2013-12-12/presidente-do-fla-contesta-golpe-contra-etica-e-moral-e-ve-falencia-do-stjd.html
Não sei se o Flamengo estava envolvido ou não, embora haja indícios de que estava sim nesse caso escabroso, até o pescoço. De todo modo, Mello certamente sabia que era justo que o seu time perdesse os pontos. Justo, correto. Era justo que a Portuguesa perdesse os pontos. Ele sabia disso. Sabia da escalação do André Santos e, àquela altura dos acontecimentos, era um dos poucos que sabia. Para tirar o foco do erro da sua administração, nos jogou aos leões.
Atenção: estou falando do terreno extracampo e não da rivalidade esportiva. O cara contribuiu para uma tentativa de nos empurrar na marra para a série B. Tentou fazer isso posando de arauto da moralidade.
O segundo fato tem a ver com a atual rebeldia do Flamengo contra a Ferj. Nós temos motivos para nos insurgir, pelo menos desde 1986, quando a Ferj e a justiça do país lavaram as mãos no caso das papeletas amarelas e houve de tudo um pouco para impedir nosso tetracampeonato. Desde lá, primeiro ano do longevo período Caixa D’água, que ainda não terminou, só América e Goytacaz sofreram mais do que nós. Eles praticamente acabaram, nós nos salvamos por pouco.
Mas o Flamengo sempre esteve de bem com a Ferj. Não vou repetir a conta, mas é nítido que há uma inflexão justamente no ano de 1986: antes, nós éramos o papa-títulos estadual; depois, a fonte secou, enquanto os rivais se revezam na conquista de títulos, um mais esquisito que outro. No caso do Flamengo, esquisito é pouco, porque todos os rivais (nós inclusive, em 1991) tiveram títulos abocanhados em jogos com arbitragens para lá de polêmicas.
Nos anos 2000, a fila de títulos estaduais do Flamengo aumentou extraordinariamente, até que ele nos passasse na lista de maiores vencedores do certame em todos os tempos. Ao mesmo tempo, as conquistas vascaínas escassearam junto com o prestígio de Eurico Miranda dentro e fora do clube. Coincidência? Para o inacreditável Capitão Leo, ex-presidente do Conselho Fiscal do Flamengo, não. Em meio à luta política interna (ao Flamengo) e na iminência do rebaixamento de 2013, Capitão Leo resolveu jogar a camisa do Fla no ventilador em seu Facebook. Das diversas pérolas, recordo uma:
“Antes da nossa presença na FERJ, quem mandava lá era o coirmão CRVG e quem tinha mais títulos era o FFC. Depois de 10 anos na casa, nós colocamos o Flamengo com mais títulos no Rio e com voz ativa na federação.”
Vejam a reportagem da nossa “amiga” Fox Sports:
http://www.foxsports.com.br/videos/315990083718-capitao-leo-flamengo-tera-ajuda-extracampo-para-nao-ser-rebaixado
O que mudou agora? Voltou Eurico, a coisa pendeu de novo para o Vasco e o Flamengo rompeu com a Federação. Foi isso mesmo? E nós com isso? Vamos nos aliar com aquele que assumiu ter nos prejudicado nos últimos 10 anos (pelo menos) a troco de quê? Quem garante que o Flamengo não consegue um acordo com a Ferj, com o próprio Eurico, e depois tenta nos prejudicar de novo? Você confiaria? Por quê? Com que garantias?
Eurico é péssimo, a Ferj também. Mas se para romper com eles precisamos nos aliar ao Flamengo, a coisa está realmente feia para o nosso lado. Espero que o Fla x Flu de domingo seja entendido como indício de que, entre nós e o Flamengo, a coisa vai estourar para o nosso lado. Que isso fique claro, porque não há nada mais patético do que inocente útil.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: globo.com
#SejasóciodoFlu
Caro João,
como de costume, texto inteligente e respaldado.
Se me permite, gostaria de incluir mais um argumento para rechaçar essa ingênua (para economizar os adjetivos) “aliança” com o flamengo: não há nenhum interesse do Flamengo apoiar mudanças na distribuição absurda das cotas televisivas. Logo, não há interesse algum do flamengo se posicionar contra a chamada “espanholização” do futebol brasileiro.
Essa, sim, é uma questão fundamental de ser enfrentada!
Saudações Tricolores!
Hoje lutam pela “evolução”, ano passado não disseram um ai sobre o favorecimento no Carioca, na Copa do Brasil e no Brasileirão e agora vem com essa de que querem o melhor para o futebol? Conta outra. E pensar que o Fluminense já entregou título por ter escalado jogador irregular.
Mulambos são mulambos. Não se pode confiar. Particularmente acho que vão desistir dessa briga e o Fluminense vai ficar na pior. Espero que tenham um plano B.
ST
Perfeito!! Eles estão reclamando de muito pouco. Punição ao mau caráter e uso de juniores. Nós queremos muito mais.
ST
BOA TARDE MEU NOBRE AMIGO, PERFEITO TODO SEU TEXTO. ASSIM QUE SAIU ESSA PAPO QUE O NOSSO AMADO FLUMINENSE F,C SE UNIRIA COM ELE, OS REGATAS QUE NUNCA FORAM E SÃO EXEMPLO TANTO DENTRO DO CAMPO E PRINCIPALMENTE FORA DELE, POIS EU TENHO MEUS 48 ANOS E VIVI TODOS OS TEMPOS EM QUE OS REGATAS CONQUISTARAM TÍTULOS E MAIS TÍTULOS COM BELAS AJUDA DA ARBITRAGEM E NOS BASTIDORES TAMBÉM DE FORMA DESCARADA, E ATÉ HOJE NADA FOI FEITO. FALTA COMANDO, PUSO FORTE NO FLU, FAZER PACTO COM OS REGATAS FOI BOLA FORA.
Obrigado pelos comentários Zeh, Fernando e Fábio.
ST.,
João
Essa história do fluminense se aliar a flamengo e Petraglia me lembra a historia do esckorpião querendo atravessar o rio e pedindo ajuda ao elefante, e jurando q ñ o picaria, pois ele estava o ajudando e no meio da travessia o picou fizendo que era o instinto, pois esse é o instinto do Flamengo e principalmente desse canalha q preside o flamengos, ele é pior, mad muito pior q o Eurico Miranda, esse Vandeira é uma bandeira esfarrapada, carvomida e rssgada, sai dessa Flu, deixa de ser bucha
Perfeito. Sem nada a acrescentar.
Gostaria de ter escrito este texto. É isso que venho tentando falar há semanas! Alvíssaras!
abraço!
Zeh
Concordo inteiramente com suas colocações. O problema maior é que não temos voz para comandar nada e, sendo assim, sempre estaremos a reboque de alguém e sempre seremos prejudicados. Pelo menos nesta diretoria. Espero que os próximos gestores tenham jogo de cintura para não ficarmos sempre posando de vítimas. A estatística não mostra os motivos, mostra os números. Vamos reclamar, mas vamos ganhar, senão vira mero choro. Ou põe os caras da FERJ para fora ou acerta com eles. Sempre vítimas, não!ST