Diversão? (por Zeh Augusto Catalano)

pirulitoExistem ocasiões em que o futebol se torna um troço irritante. Que, conscientemente, dá vontade de dar as costas e esquecer da existência. Passar a escrever sobre bromélias, orquídeas e árvores do cerrado.

Não seja preconceituoso. Eu crio orquídeas e bromélias e adoro árvores. Ponto.

Voltando ao futebol, a irritação a qual me refiro nada tem a ver com ganhar ou perder dentro de campo. Isso é do jogo e um ser humano qualquer já deveria ter aprendido a lidar com isso desde o primeiro jogo de damas, dominó ou da primeira pelada na rua. Exceto, talvez, se ele torcer pro império do mal.

A vontade de largar esse mundo da bola vem de fora das quatro linhas. Tramóias, roubalheiras, greves brancas, corpo mole, suborno, clubes falidos… Tão falidos que ninguém quer presidir.

Só que não. A batalha política pelo controle do Vasco, com a qual interagi pesadamente nas últimas semanas, é de embrulhar o estômago. Vários candidatos querendo o posto de líder de uma nau furada, em completo desgoverno, com o objetivo declarado de salvar o Vasco, levá-lo a títulos, retomada do orgulho blá blá blá. Pode sim existir quem o queira de coração limpo. Mas certamente a esmagadora maioria o quer pela mais pura vaidade. Pela vontade de aparecer.

O mundo do futebol da Lei Pelé é regido por vaidade, orgulho, inveja e ganância. Quase um compêndio dos pecados capitais.

Se você pensar no Walter, gula.

Se pensar em outros vários, luxúria.

Outra pausa: luxúria que não é, como já ouvi, fechar contrato e sair por aí guiando BMW branca conversível.

Sou defensor ferrenho da tese de que futebol tem de estar atrelado a diversão. Pelo amor de Deus, isso não significa estar alheio ao que se passa em campo e não se enfurecer com todas as barbaridades que vemos, lemos e ouvimos por ai. Até porque não dá.

Foram semanas “engraçadas”. Vocês se enfurecendo com as confusões que partiram daquele fatídico segundo tempo contra o América de Natal e eu com a política do Vasco. E tudo pelo poder. Dinheiro. Vaidades. Quem pode mais? Presidente? Patrocinador? Craque do time?

É claro que os resultados de campo podem exasperar o torcedor. Mas ai voltamos ao ponto inicial e descobrimos que o que irrita mesmo está vindo de fora do campo. Dou um exemplo:

Há no Vasco um cidadão chamado Diogo Silva. Goleiro protagonista do rebaixamento do ano passado. Ninguém da torcida aguenta mais ver esse cidadão em campo. Os resultados do Vasco com ele em campo são inacreditáveis. Coisa de rebaixamento para a série C. O reserva desse cidadão se chama Jordi. Garoto cria do Vasco, foi goleiro de todas as seleções sub-tudo. É uma promessa. Nunca foi posto em jogo.

Decisão do técnico? Duvido. Nem o mais teimoso dos teimosos persistiria num erro com resultados tão bem comprovados. No entanto, basta o titular, Martin Silva, ser impedido de jogar que lá esta em campo o nosso martírio.

Então, certamente há um empresário bancando essa escalação. Há outros interesses, que não o de obter os melhores resultados em campo, norteando essa decisão. E se isso acontece numa posição tão visível e com resultados tão medonhos quanto a de goleiro, imagine o resto.

Será que o seu time é escalado por méritos? Claro que não.

Nossa paixão é maior que tudo isso. E um dia, certamente, isso acaba.

abraços

Zeh

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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