I
“Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito).
Nenhum time é perfeito. A perfeição é uma utopia. Até o Santos de Pelé, maior time do mundo em todos os tempos, sofreu 6 x 2 do Cruzeiro de Natal e Tostão na final da Copa Brasil de 1966. A encantadora Máquina 75/76 teve seus tropeços. O eficiente time 83/84/85 também. Quando ganhamos o título em 2010, poucos lembram das carpideiras a vociferar pelas arquibancadas quando perdemos por 3 x 0 para o Santos, com 3 gols de Zé Love – ducha fria para qualquer time lutando por uma conquista. Mas o tricolor de fé não se abala. Basta lembrar de 2009. Somente um sociopata há de acreditar que é possível passar quase 40 jogos de maneira incólume, ainda mais numa competição vigorosa como o campeonato brasileiro.
Sim, Abel se equivocou. Não era preciso começar com Sóbis, mas fica muito mais fácil falar e escrever depois do jogo encerrado. Se não o colocasse e tívéssemos tomado o gol, seria “Esse burro deixa o Sóbis no banco!”e outras maledicências verbais. Li os comentários dos amigos cronistas aqui da casa e tudo faz pensar. Entretanto, o campeonato não se resumiu neste jogo.
Não quero aqui falar das atuações negativas individuais. Por mais que se espere de um ou outro jogador, o conjunto desandou. Perdemos com total justiça no primeiro tempo, conseguimos imprimir uma boa pressão no segundo tempo, principalmente depois do gol do garoto Michael, após rebote de Márcio – que defendeu até pensamentos. Mas esta mesma pressão foi muito mais fruto de disposição física e vontade do que propriamente bola no pé. Depois, a trave direita ainda nos salvou de coisa pior. Acontece. Não se pode ganhar todas. Há quem venha dizer que perder para o lanterna do campeonato é inadmissível. Digo que, pelo menos há dez anos, é tortuoso para o Fluminense enfrentar qualquer adversário presente à zona de rebaixamento. Sempre é complicado, não sei dizer a razão precisa.
Estive no samba de Caldeira no Tijuca. A plateia cantou e dançou como nunca. Sambas de enredo de todos os tempos. A coluna vertebral não me deu condições de ir a Volta Redonda. Rumamos para o bar mais próximo do clube e não tivemos como não debochar dos flamenguistas que comemoraram os gols do Atlético – seria demais que percebessem o perigo em relação ao próprio time. Com 2 x 0, a coisa pareceu pesada. Caldeira propôs a mudança de boteco para trazer um novo astral, foi o que fizemos. O gol saiu, o time tentou, mas o novo bar não foi propriamente um pé-de-coelho. Nos despedimos, andei pelas ruas da Tijuca deserta, pensei em comprar o cd de Bob Dylan, tomei um táxi, voltei para casa. Não namorei como queria, o sábado parecia insosso. Coloquei no som o disco de Nelson Cavaquinho, sempre tão empolgante mesmo com suas letras um tanto “blues”. Estranho foi perceber que outro verso de outro poeta é que não saía de minha cabeça.
“O sol nascerá”, de Cartola.
A dor é pontual. A vida em riste sorri.
II
A noite repousou no domingo e, para desespero dos derrotistas, o Fluminense deitou em berço esplêndido como líder. Aí sim tudo deu errado. O tricolor não foi a porcaria que sonharam. O fortíssimo Grêmio poderia ter vencido o moribundo Flamengo, mas não conseguiu. O poderosíssimo Atlético Mineiro poderia ter atropelado o Náutico, mas não logrou êxito.
Quero deixar claro um pensamento meu: torcer pelo Fluminense está bem longe de não poder criticá-lo. Amar não é somente abanar o rabo e enxergar tudo como belo e perfeito. A atuação de sábado foi decepcionante sim, mas pontual – como tinha sido a contra o Grêmio e o Figueirense. Nosso grande campeão de 2010 teve sete derrotas. Hoje, sofremos apenas duas em todo o certame. Uma coisa é criticar, não se contentar com pouco, não ter um pensamento pequeno. Outra é exibir-se em noites de gala como um faminto urubu em busca de carniça – sem qualquer sentido figurado indireto nisso.
Hoje o sol brilha na segunda-feira do Rio de Janeiro. Os tricolores sentiram alívio. Dentro do que poderia ter sido pior, nos salvamos e bem.
As carpideiras olham apenas o céu de gris. Não há sol, não há mulheres bonitas nas orlas e alamedas, não há sorrisos, não há uma canção de amor que lhes aqueça o coração.
Mais uma vez, perderam.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
Na minha opinião, o substituto imediato do Fred deveria ser o Michael.
Uma coisa que me irrita no futebol, é esse tal de fair play, que na prática, serve para premiar a malandragem. O atlético/go passou o 2º tempo inteiro fazendo cera, um cai-cai exagerado, goleiro gastando tempo além do limite, e o árbitro no final dá 4, 5 minutos. Só gostei que num lance em que o jogador do atlético caiu e um companheiro colocou a bola para fora, o Flu não a devolveu. Não é nenhuma desculpa para derrota, o Flu realmente mereceu, mas essa questão precisa também ser analisada.
Com Fred e Deco voltando e jogando até o fim do campeonato os adversários não tem chances, resultados como o de sabado dificilmente acontecem com a dupla em campo!
S.T
CABEÇA ERQUIDA! FOI APENAS UMA PEDRA NO CAMINHO. DIFÍCIL IMAGINAR QUE NÃO SEREMOS CAMPEÕES.
TEMOS ELENCO PRA ISTO E TUDO PARECE CONSPIRAR A FAVOR.
PLENAMENTE CONFIANTE NO TETRA…..
SAUDAÇÕES TRICOLORES …..EXCELENTE POST
Como dizia o Gilberto Gil, grande tricolor, em sua carta musicada “Prezado amigo Afonsinho, eu continuo aqui mesmo, aperfeiçoando o imperfeito, dando um tempo, dando um jeito, desprezando a perfeição, que a perfeição é uma meta defendida pelo goleiro que joga na seleção, e eu não sou Pelé nem nada, se muito for sou um Tostão (fazer um gol nessa partida não é fácil meu irmão)”. Pois é, a vida é assim, simples assim. colocamos o Flu no pedestal e sofremos quando descobrimos que é terrenos, mortal, vencível. A vida fecha portas e abre janelas. É importante enxergar e aproveitar as oportunidades. O Flu continua líder e bafejado pela sorte. Só não pode dar bobeira. Faltam apenas 13 rodadas pra botar a mão no caneco. Eu acredito!
Erramos, sábado! Mas, como todo campeão no futebol e na vida, já levantamos a cabeça e demos a volta por cima. Líder!