Um balanço e oito previsões (por Walace Cestari)

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Parece que foi ontem, mas a primeira fase da Copa se foi. E como foi divertida! Agora, o mundial chega a sua etapa mais aguda, em que qualquer erro pode custar o campeonato. Se são as dezesseis melhores equipes, não se pode afirmar com certeza, mas não há nenhuma falta de merecimento entre os classificados.

Dos que voltaram mais cedo para a casa, a Espanha, sem dúvida, foi a maior decepção. De Itália e Inglaterra esperava-se igual classificação, mas ambas voltam para casa mais cedo. Em que pese o grupo contar com três campeões mundiais, faltou que as camisas impusessem o respeito que parece ter sido perdido. Talvez a Inglaterra não tenha jogado mal, mas deu o azar de a tabela não lhe ser favorável e de encontrar seus adversários em dias inspirados.

Nas tristezas, fica o desejo de ver mais tempo para a recuperação de Cristiano Ronaldo, um arremedo de jogador nesta Copa. Seus problemas físicos e a péssima seleção lusa contribuíram para CR7 passar apagado pelo mundial. Gana, Croácia e Bósnia eram boas apostas no papel, mas lhes faltou o algo a mais que uma competição exige. A ausência mais sentida foi da seleção russa, uma máquina na Eurocopa que parece nem ter desembarcado no Brasil. O milionário Capello terá muito o que explicar a Putin quando voltar à sede do próximo mundial.

As oitavas começam com nossa seleção enfrentando o – tão temido por Felipão – Chile. Apesar do bom trabalho dos chilenos, os andinos só fizeram uma boa partida na Copa contra o apático time espanhol. Por mais problemas que haja no meio campo brasileiro, fatores como camisa, campo e freguesia farão a diferença neste jogo. Sem contar Neymar e a boa zaga canarinho. Possivelmente será a melhor apresentação do Brasil na Copa.

No mesmo dia, Colômbia e Uruguai se enfrentam na volta da celeste ao Maracanã em copas. A suspensão de Suárez pode ter dois efeitos nos uruguaios: abatê-los psicologicamente – fazendo-os repetir a desastrosa atuação contra Costa Rica – ou enchê-los com a tradicional garra uruguaia. Entretanto, nada disso vai tirar o favoritismo do bem armado e técnico time da Colômbia, em quem aposto como adversário brasileiro nas quartas.

Os holandeses têm uma duríssima parada contra o México no domingo. Robben e Van Persie desequilibram, mas enfrentam mais que um adversário bem armado, rápido e perigoso nos contra-ataques. Enfrentam o calor de Fortaleza às 13h. Se Ochoa repetir a atuação contra o Brasil, é quase certo de La Tricolor conseguir fazer estrago na Laranja com Chicharito ou Peralta. De verdade, essa é uma vaga que creio que será definida na prorrogação ou nos penais.

O jogo mais improvável destas oitavas completa o domingo, Costa Rica, com seu futebol vistoso e que surpreendeu o mundo enfrenta o ferrolho grego, que se recuperou heroicamente da derrota acachapante frente à Colômbia. Será um confronto interessante, pois os gregos não subestimam a Costa Rica que, pela primeira vez na história, entra como favorita em um jogo de Copa do Mundo. De um lado, o talento e a empolgação costarriquense. Do outro a experiência e a garra dos gregos. Ainda assim, cravo Costa Rica, na prorrogação.

A França pega a Nigéria na segunda-feira como favorita. Os nigerianos fizeram boa partida contra a Bósnia e venderam caro a derrota para a Argentina, mas nem de longe fazem lembrar as Águias Africanas que assombravam em outras copas. Ainda mais diante da melhor França desde 2006. Um time bem armado, com laterais fortíssimas e um inspirado Benzema. Meus búzios me dizem que os franceses levam com facilidade essa.

Fechando a segunda-feira, a repetição do histórico confronto de 1982. A Argélia tem um time aplicado e veloz, mas não deve ser páreo para a seleção mais bem organizada do mundial. A Alemanha, assim como em 2006 e 2010, sobra taticamente, restando saber apenas se acontecerá a mesma pane geral do passado. Mais experientes, os alemães apostam que não, o que é preocupante para os adversários.

Na terça, a Argentina deve vencer a Suíça, com o desequilíbrio de Messi. Só por isso. O desfalque de Aguero é importante para os portenhos que vêm se complicando em jogos fáceis. Mas Messi é o destruidor de qualquer meritocracia coletiva. Inspirados, os suíços podem dar algum trabalho, especialmente se conseguirem consertar o cadeado que fora arrombado pela França. O time, apesar de interessante, não parece ter força para ser uma zebra diante da Argentina.

Por fim, o jogo mais equilibrado das oitavas. Por um lado, a badalada Bélgica, que venceu suas três partidas na conta do chá e desapontou todos aqueles que apostavam em grandes apresentações. Do outro lado, uma equipe americana bem treinada, com alguns valores individuais e com uma entrega sobrecomum. Não chamaria de zebra, mas acho que Klinsmann vai acabar mandando os cabeludos belgas de volta para casa.

Provavelmente, você voltará aqui para reler minhas previsões e vai dizer que errei em muito dos meus palpites. Que seja! Afinal, o mais legal dessa Copa tem sido ser surpreendido. Que vença a emoção. Mesmo que estrague qualquer bolão.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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