A festa que os argentinos fizeram no Maracanã foi a maior dentre as de todas as seleções que vieram jogar no Brasil. Mas dentre outras torcidas menores devido à distância de seus países, colombianos lotaram o Mineirão e o pintaram de amarelo. Chilenos em Cuiabá soltaram até rojão.
As torcidas de Copa do Mundo se compõem dos poucos residentes no país do torneio e de um bando de alucinados por futebol que atravessam o mundo atrás de suas seleções. É um público certamente amante de futebol, pois só loucos viriam nessa época fazer turismo e pagar preços caríssimos e lutar por hotéis lotados no país da Copa. Os que vem, se sujeitam a qualquer coisa em nome do futebol.
Centenas de argentinos dormiram na praia de Copacabana – na areia – por não terem onde ficar. Vieram pro Rio atrás de Messi e companhia. São hinchas, torcedores tão fanáticos quanto eu ou você, que está aqui lendo isso. Muitos deles tem ingressos pros jogos. Outros não tem, mas vieram pra cá aproveitar do clima único da Copa.
Quase todas as seleções aqui no Brasil têm torcidas assim. Menos o Brasil.
Nossos estádios, prinipalmente nos jogos do Brasil, os mais procurados, estão lotados de gente que “quer ir a um jogo do Brasil” pra poder dizer que foi, pra poder cantar que “é brasileiro, com orgulho, amor” (e falta de originalidade e criatividade), pra ir a um jogo do Brasil na Copa. Isso é super legítimo. As pessoas têm todo o direito de irem ver seus jogos com suas famílias, fotografarem tudo, se divertirem como quiserem.
O ponto aqui é que grande parte dos brasileiros que estão indo aos jogos são completamente estranhos no (ao) mundo do futebol. Estão indo aos jogos como quem vai a um concerto no Theatro Municipal. Assistir a um espetáculo. Não exatamente torcer.
Eu vou à Copa, mas não para ver o Brasil. Não consegui ingresso pra nenhuma das partidas. Enquanto isso, amigos (e amigas) sem interesse algum em futebol lá estarão.
Isso significa que se esbarrarmos com uma Argentina dessas, somos capazes de ser maioria absoluta no estádio e sermos engolidos dentro de casa. Imagine a torcida que foi no Itaquerão encarando a colossal torcida argentina que lotou o Maracanã. Vamos perder no grito. E embora torcida não ganhe jogo, ajuda a empurrar em momentos de crise.
Temo que, numa final, esse pequeno detalhe faça uma diferença burral. Na hora do berro, de empurrar o time com a força da arquibancada, o Brasil perca e o time em campo se desestabilize com isso.
E o que causou esse fenômeno? Preço e, principalmente, a dificuldade pra se comprar ingressos.
O fato é: quem daqui for ao estádio tem de berrar por três. É inadmissível perder em casa desse jeito.
abraços
Panorama Tricolor
@PanoramaTri