O Pé-Quente (por Zeh Augusto Catalano)

10264299_701034706625203_2296484286569340801_nUma goleada improvável, com uma atuação soberba do famoso gordinho Walter.

Cansado, estressado, com a família já tendo voltado pra Brasília, topei o convite para assistir o seu Fluminense contra o bom ataque do São Paulo. Primeira ida ao novo Maracanã à noite. Andel, Ernesto, Rods, Caldeira, que estavam comigo, tiveram uma noite inesquecível.

É uma experiência bem interessante você assistir a uma partida dessa monta desprovido de paixão. Você está ali torcendo pra ver um bom jogo, com bons lances. Até torci pelo Flu, reforçado pelas simpatias de Rogério Ceni, Luis Fabiano, Pato e Muricy. Mas não é aquela torcida figadal. Você eventualmente xinga o juiz, ou algum jogador que dê uma entrada mais pesada ou faça alguma sandice em campo. Mas é só. Você está ali assistindo um espetáculo.

E dá tempo de prestar atenção na torcida, coisa impossível de se fazer quando você está envolvido em sua paixão. E é muito curioso o quanto as torcidas são diferentes. Como têm características próprias. Coisa muito difícil de se definir em palavras.

Tive um tio, já falecido, botafoguense. Amava futebol e ia a mais jogos que meu pai. Com isso, fui a muitos jogos do Botafogo quando pirralho. Talvez a torcida do Botafogo seja a mais fácil de definir. Em cinco minutos, se a coisa não estiver indo bem, começa a vaiar e xingar o time. Não consigo explicar a diferença entre as torcidas do Vasco e Fluminense. Mas não dá pra confundir.

Estava atrás do gol, onde Walter fez o maravilhoso gol numa trivela seca, perfeita. Catarse na arquibancada. Ponta de inveja de estar “vendo de fora” um lance tão bonito e não participar da alegria coletiva no momento.

Espero que volte a época de jogos baratos (investi 20 reais no meu ingresso) para que todos possamos torcer pros nossos times e assistir futebol. É uma experiência que nem todo mundo viveu, e que vale a pena. É bem diferente.

A Copa vai dar essa oportunidade pra muitos. Aproveitem.

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Primeira coisa que falei pra Andel quando soube da morte de Washington foi que era um bonde que sabia finalizar. Ele retrucou. Disse que faria fama hoje. E olha, dou meu braço a torcer. O bicho pernalta tinha controle de bola, sabia driblar e hoje, em terra de cego, seria rei. Deu a sorte (azar?) de jogar numa época em que havia muito mais talento em campo. Hoje, qualquer casca de ferida é tido como gênio e ganha montanhas de dinheiro pra nada.

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Alguns acham que meu objetivo ao ir a um jogo como o que fui semana passada é o de secar. Outros não acham isso, mas temem o feito. A goleada serviu pra criar fama de pé quente. Vamos ver se consigo levar a sorte pro Vasco. Estamos precisando. Muito.

abraços

Panorama Tricolor

@PanoramaTri