O circo da oposição (por Marcus Vinicius Caldeira)

Na última terça-feira aconteceu a reunião do Conselho Deliberativo, para a aprovação ou não das contas do Fluminense o exercício 2013. Era uma reunião que estava em aberto, pois ocorreu anteriormente, mas como o Conselho Fiscal não pôde apresentar seu parecer – portanto, àquela época não pôde ocorrer à aprovação ou não das contas.

As contas foram auditadas por uma empresa francesa, que é considerada a décima-quarta maior empresa de auditoria do mundo e que não apontou nenhuma irregularidade na contabilidade do clube.

Grosso modo, os números ficaram assim:

– receitas em torno de R$ 116 milhões;

– despesas em torno de R$ 119 milhões;

– prejuízo operacional de R$ 3 milhões;

– A dívida do clube foi reduzida em 1,05%, passando de R$ 460 milhões para R$ 455 milhões.

No meu entender, são números bem razoáveis dado o ataque que as finanças do clube sofreram pela PGFN. Ataque esse meramente político para enfraquecer o Fluminense e que hoje gerou uma ação judicial do clube contra os agressores. Antes da reunião, declarei publicamente meu voto, afirmando que se nenhum fato novo fosse apresentado durante a reunião eu votaria a favor da aprovação das contas. Nenhum fato novo surgiu e assim o fiz.

Mas, o grande destaque da noite – negativo, diga-se de passagem – foi a atuação da oposição durante a reunião. Uma atuação digna de um circo de quinta categoria que viaja pelo interior do Brasil apresentando-se em cidades pequenas.

Capitaneada pelo Ideal Tricolor – que sinceramente não sei se é oposição ou situação – e com uma pequena claque no lado de fora da área destinada aos conselheiros (qualquer sócio pode assistir as reuniões do conselho deliberativo), claque essa composta pelo vice de futebol do time da série B para C, o “Careca da Série C”, alguns “organizados”, e mais uma “meia dúzia de três ou quatro”.

Para começar a comédia de baixa categoria, o membro do Conselho Fiscal, pertencente ao Ideal Tricolor (Humberto, se não me falha a memória) não assinou o parecer emitido do Conselho Fiscal, soltou uma nota pela manhã onde discordava do parecer e já começou a reunião pedindo questão de ordem para solicitar o adiamento da reunião, pois ele não tinha assinado. Uma manobra ridícula digna dos piores momentos do que há de pior no movimento estudantil. Manobra ridícula, grosseira e sem fundamento nenhum, pois o estatuto não diz que obrigatoriamente é preciso ter assinatura dos três membros (pelo menos, procurei no texto e não achei).

Aliás, sobre isso, um parêntese. Gosto muito do presidente do Conselho deliberativo, Marcus Vinicius Bittencourt. Mas ele é muito centrista. Deixa muito solto. Nesta questão de ordem, em vez de encaminhar ou não pelo não adiamento e num democratismo sem justificativa, deixou correr solto as falações, retardando ainda mais a reunião e fazendo com que tivéssemos que ouvir as intervenções mais estapafúrdias da noite. Encaminha logo, meu filho. Você é o presidente da mesa. Tem essa prerrogativa!

Dada a questão de ordem, o presidente do Conselho Fiscal Pedro Abad, competente e um cara técnico já que é da Receita Federal, disse que houve uma falha em não ter anexado o parágrafo que o conselheiro Humberto solicitou que se colocasse no parecer, mas que leria e que se poderia votar. E o fez. Ainda sim, o membro do Ideal no Conselho Fiscal insistiu na tese de que se adiasse.

Para completar o show de horrores da oposição, outro membro do Ideal – que não sei o nome – foi à tribuna para simplesmente dizer que o parecer não poderia ser votado, pois era uma vergonha. Na mesma hora, o presidente Peter subiu a tribuna e fez uma falação dura direcionada ao conselheiro em questão dizendo que não havia vergonha nenhuma no parecer que foi feito por pessoas sérias, que esta gestão é séria em relação às contas do clube e que vergonha foi o que se foi feito com o clube nos quarenta anos que antecederam sua gestão. Foi um pito público no conselheiro em questão, que colocou o rabo entre as pernas, ouviu calado, não rebateu, e foi para fora da área destinada ao conselho só voltando na hora da votação.

Por fim, o presidente Peter disse que se o conselho entendesse que teria que adiar a votação, que ele acataria.

A oposição, sem nenhum conteúdo técnico, apenas procurava manobrar para que não se votasse. Depois de uma hora desse debate horroroso e sem conteúdo, o presidente da mesa tomou as rédeas da reunião e encaminhou pela votação. Óbvio! Por que não o fez antes?

A seguir veio um dos poucos momentos de qualidade e inteligência no debate – os outros foram a leitura do parecer pelo presidente do Conselho Fiscal Pedro Abad e a intervenção do presidente Peter. O conselheiro Felipe Dias – membro da Flusócio e que entende do riscado – rebateu ponto a ponto as justificativas do conselheiro Humberto para não assinar o documento. E pasmem: o conselheiro não rebateu esta intervenção, e ao final, assinou o documento. Inacreditável!

Em todo lugar é salutar que se haja oposição. Na maioria da minha vida sempre fui oposição. Fiz campanha com afinco pelo Peter por ver a sua luta para dar um futuro em termos administrativos e de finanças ao Fluminense. Mas, não me furto de criticá-lo quando haja que deva. Não me considero situação. Sou independente.

Mas é preciso que haja uma oposição crítica, inteligente, que eleve o debate e que aponte soluções para o clube. Oposição por oposição, porque não gosta do Peter, ou porque não recebeu cargos etc não constrói e, pior, ridiculariza o clube.

O que vimos terça passada foi um espetáculo circense promovido por um lado pelo Ideal Tricolor e por outro por alguns beneméritos que são os mesmos de sempre – os que tomaram um sacode monstruoso nas últimas duas eleições, mas que insistem em não largar o osso.

O ano passado foi tenebroso para a gestão Peter e pro Fluminense. Mas o foi também porque fomos atacados fora de campo de todos os lados. Até armarem chapa na Unimed aconteceu. Por sorte, o Flamengo comprou a Portuguesa e o Fluminense terminou na frente dos dois.

Ainda assim entendo a gestão Peter como positiva, mesmo com os erros e algumas titubeações. Nem sempre votarei a favor do que a gestão pede no conselho. Mas o fato é que a oposição também é incapaz de criar uma alternativa de gestão. A luta é sempre pelo poder. Poder de um clube à beira da falência e que essa gestão tenta salvar.

Tricolores, um apelo: entrem de sócios pro clube. A Flusócio e Peter iniciaram um processo de oxigenação do clube, criaram o sócio-futebol com direito a voto. A oxigenação tem de ser constante. Hoje a arquibancada domina a política no clube. É preciso mais. É preciso que esse processo não pare.

À atuação da oposição na terça, o meu sincero pesar. Foi patética, pífia, ridícula, abominável e sem conteúdo. Nem no movimento estudantil vi algo tão pueril.

Lamento por vocês.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: pra

20 Comments

  1. Marcus apenas 1 detalhe, não foi só a Flusócio que brigou e conseguiu a aprovação do sócio futebol. o Ideal Tricolor também participou ativamente. Aliás o Ideal desde a sua fundação teve isso como bandeira e vinha brigando por isso desde lá.

  2. os hipocritas pagando de moralistas aqui, kkkkkkkk. oposição ridícula, parabéns.

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  3. Caro pagodeiro, a oposiçáo pode até ser ruim, como aliás é todo o quadro político do Fluminense atualmente, mas uma coisa é certa: todos conhecem a sua história no Fluminense.

    1. Não sou pagodeiro! Sou sambista… E roqueiro, e fã de MPB, música clássica, música cubana, jazz!

      Vamos lá!

      Qual a sua versão da minha história no Fluminense?

  4. Poderia divulgar a fonte do ranqueamento da citada empresa de auditoria?
    Poderia esclarecer porque não foi citada a ressalva feita pela empresa ao invés de dizer que ela não apontou qualquer irregularidade?
    Obrigada

  5. Como dizia um amigo nosso é uma pena que a oposição seja tão ruim, pois se fosse melhor seria muito positivo para o clube, pois forçaria a situação a ter uma atuação melhor. E olha que estamos falando de uma parte da oposição, aquela que curiosamente se elegeu pela chapa de situação (?!?!), pois há outra parte que nem representantes elegeu (felizmente), que é infinitamente pior.

  6. Como dizia nosso amigo João Bolt (um dos responsáveis pela nossa sala de truféus atual) é uma pena que a oposição seja tão ruim, pois se fosse melhor seria muito positivo para o clube, pois forçaria a situação a ter uma atuação melhor. E olha que estamos falando de uma parte da oposição, aquela que curiosamente se elegeu pela chapa de situação (?!?!), pois há outra parte que nem representantes elegeu (felizmente), que é infinitamente pior.

  7. Prezado Marcus, perfeita a tua descrição dos fatos lamentáveis ocorridos na ultima sessão. Infelizmente hoje temos no clube uma oposição egoista e altamente fisiológica. E se me permite um observação, nem nos tempos de movimento estudantil (79-85) eu vi algo parecido. Naqueles tempos, por mais que houvessem picuinha e discussões sem objetividade, havia um fundo ideológico, divergia-se por ideologia e não por interesses menores diante dos interesses da instituição.

  8. Depois dessas mentiras proferidas vc pode dizer como conselheiro que é, alias bem fraco, quando sera o proximo show de pagode que vc organizara? Vc apoia o clube pra dar uma mamada do clube tb? Como vc nao é homem nao vai aprovar o comentário mas nao e mentira o que to falando…faça mais e fale menos Boaventura. .ST

    1. Meu caro, macho pra caralho, Rubem!

      Sou sócio do clube desde 2008. Só entrei de sócio para tentar mudar o estado de coisas que havia no clube que de fato está mudando.

      Vou fazer uma conta rápida para você. Entrei em meados de 2008! Como estamos chegando em meado de 2014 vou considerar 6 anos de sócio do clube. Colocando uma média de R$ 110,00 (não vou nem colocar o 13o. do clube nas contas). Então teremos 72 x R$110,00 o que dá R$ 7.920,00. (continua)

      1. O meu grupo cobrou R$ 600,00 para tocar. Não tocamos por menos de R$ 1.100,00 ( o quer recebemos para tocar na meca do carnaval carioca, o Cordão da Bola Preta). Por que cobramos menos? ´Por que eu, por motivos óbvios, e outros dois tricolores do grupo (Fred e Assis) não cobramos nossa parte no cachê. Eu ainda dei do meu bolso R$ 150,00, para outros dois músicos.

        Meu caro, se isso é mamar nas tetas no clube, o faço com muito orgulho.

        E é grupo de samba e não de pagode!

      2. Poxa se vc se deu ao luxo de fazer calculo sobre 2008 ano que vc entrou de socio como eu faco pra somar o meu desde o PRIMEIRO socio torcedor do clube da qual tenho todas as carteirinhas pra provar? Entao isso nao me diz nada..e é imoral, antietico, vc se aproveitar de ser conselheiro e colocar seu grupinho pra tocar no clube…ate pq esse valor ta caro…pagaria no maximo 50 e queria troco

        1. Quer dizer que eu me aproveitei de ser conselheiro para pagar R$ 150,00 pra tocar, sendo que meu grupo e eu tocamos (e recebemos por isso) no Cordão da Bola Preta, no Tijuca Tênis Clube e no Armazém do Senado, mensalmente!

          “Jênio”!

          kkkkkk

  9. fora isso , belo trabalho feito pelo “Panorama Tricolor” sobre tudo que se relaciona ao clube. Respeitando a opinião e posição de todos frente aos vários temas tratados, o blog (é blog?) está de parabéns.

  10. E como se pode acreditar que realmente vc é um sócio “independente”? a forma, extasiada e efusiva, que vc descreveu o tal “pito” que o Peter deu no conselheiro da oposição + suas impressões sobre a oposição, claramente mostra que vc é SIM , situação. Qual o problema de admitir isso? No dia que eu tiver TEMPO pra participar da vida política do clube, eu vou escolher um lado. Estranho é essa posição “independente” de alguns sócios.

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    1. Vamos lá!

      Apoiei e fiz campanha aberta e com muito afinco para o Peter. Achei a primeira gestão dele em termos de dar um futuro ao clube, muito boa.

      Isso não me impediu de fazer duras críticas a ele aqui e no Conselho Deliberativo esse ano por conta do péssimo resultado esportivo de 2013.

      Quando digo que sou independente, digo quenão faço parte de nenhum grupo político no clube, o que me faz não ter “rabo preso” a ninguém! Mas, de fato tenho me posicionado junto às posições da…

  11. e não sou situação , nem oposição, mas um sócio que a muitos anos , morando no Rio, conhece o clube e que até hoje está na espera do cumprimento das promessas de campanha feitas pelo atual presidente em 2010.

  12. Agora , no que tange o perfil da oposição, até parece que na situação só tem gente bem intencionada com relação ao clube. Tanto na oposição como na situação vc pode encontrar facilmente sócios somente interessdos em tirar proveito do clube para si próprio.

  13. Prezado Vinicius,

    se a auditoria francesa deu ok para as contas do clube de 2013, então acredito que tanto ela, como os dirigentes do clube, são responsáveis por esse ok frente à lei. No meu entender, as contas de 2013, como foram aprovadas fere as recomendações, expressas em lei, do CFC (conselho federal de contabilidade) e da Lei Pelé e vcs , da situação, sabem as penalidades cabíveis neste caso. Particularmente acho que os dirigentes do clube “deram um tiro no próprio pé”.

    ***…

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