Ontem o Fluminense completou 110 anos de esperança, de paz e harmonia, de sangue e sim, de futebol. Mas engana-se quem o identificar simplesmente como um senhor, pois o Fluminense não tem “apenas” 110 anos. O Fluminense também tem oitenta anos, também tem cinquenta, tem trinta, quinze, oito, três, é um recém-nascido e também está por vir.

Afirmo isso, pois um Fluminense de todas as idades é o que eu vejo.

Vejo nas bancas senhores e jornaleiros fazendo sua própria mesa redonda sobre a rodada que passou ou sobre a que está por vir. Há sempre um que quando fala os outros se calam e que quando afirma alguma coisa aos outros só resta concordar. Ele não inventa respostas e nem insiste sem argumento.

Vejo nos escritórios, uma bandeirinha, um mouse pad ou wallpaper na tela do computador. Ali estão as cores que dão o aviso de que aquele é território tricolor, que aquela pessoa provavelmente chegará feliz na segunda-feira de manhã e que você é muito bem-vindo a falar de futebol.

Vejo na rua, carregando cadernos ou com uma mochila nas costas, uma adolescente, já muito vaidosa, de tênis e calça jeans para poder combinar com sua camisa grená. Carrega um sorriso no rosto e um celular na mão trocando mensagens com as amigas para combinar de ir assistir o treino nas Laranjeiras.

Vejo no estádio um menino todo uniformizado, junto ao seu pai, dando mais bola para a pipoca que para o jogo. Mas de repente a torcida grita e entoa o seu canto. Ali está o menino se esforçando para aprender e acompanhar a letra. Vira alegre para o lado e pergunta ao pai quem fez o gol.

Ainda vejo pernas que mal aprenderam a andar chutando uma bola com o escudo FFC e quartos de bebês sendo decorados em três cores. Vejo tudo isso e percebo como fui feliz em ter vivido cada fase da minha vida trazendo o Fluminense junto a mim.

Dos 110 anos tricolores, vivi apenas 34 até agora. Mas pode ter certeza que cada um deles é um motivo de orgulho.

Parabéns ao Fluminense, parabéns ao futebol e parabéns a você, tricolor, seja qual for sua idade.