Flu e Vasco (por Ernesto Xavier)

Para mim tudo começou em um Fluminense e Vasco.

Era uma noite fria de maio há 20 anos atrás. O dia em que me afirmei tricolor.

Subir o túnel junto com o time e ver a torcida gritar “Nenseeeee” foi talvez o momento mais mágico que tive até hoje. Um menino de 9 anos que realizava o sonho tão cedo. Ainda busco o sentimento daquele dia e não alcanço. Tive outros, mas aquele foi especial.

Foi um dia de derrota para o time e vitória dentro de mim. O tricolor ganhava mais um fanático.

Aprendi a admirar o adversário. Não por motivos dentro de campo, mas alguns fora dele. Seja lá por que caminho, mas foi em São Januário que os primeiros negros foram aceitos abertamente no futebol carioca.

Neste anos mais vi o Fluminense perder do que ganhar. Porém cada vitória foi saborosa. O gosto de ver o outro lado cabisbaixo só não é maior do que quando o outro veste vermelho e preto.

Foi no Campeonato Carioca que aprendi a amar este clássico. Foi assim que cresci amando o futebol.

E hoje vejo um torneio falido, sem graça. O que nos motiva ainda são estas rivalidades. Essas que surgiram neste mesmo campeonato.

Teimam em exterminar a essência da alegria do morador do Rio de Janeiro, que assim se fez admirar em todo Brasil.

Este Flu e Vasco é  mais uma tentativa de renascimento. Em muitos sentidos.

Um Fluminense em busca de afirmação após o que sofreu em 2013 e nos tribunais.

Um Vasco querendo se reconstruir.

Um campeonato que não sabe a cara que tem.

Um torcedor que quer ver sua paixão acesa.

O geraldino hoje perdeu seu espaço. Os risos sem dentes e os torcedores que enpunhavam seus radinhos, agora tem pouco ou nenhum lugar dentro do Maracanã.

Mesmo com todas as deformações é notável a crença de que até o fim dos tempos nada extinguirá o amor do que torce.

Amanhã voltarei a tentar reviver o sentimento daquela noite fria. A cada Fluminense e Vasco meu amor se renova. E ele nunca morrerá.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri