O Fluminense tem o seu Xeique: Unimed. No entanto, diferentemente de outros mecenas que despejaram dinheiro em times brasileiros (Parmalat, ISL, Hicks Muse, Union Bank) somente pensando no time principal, o trabalho de Xerém diminuirá, em médio prazo, a dependência do dinheiro externo para formar times fortes.
Os resultados recentes (vice nos principais torneios nacionais em 2011/2012 mais o título Carioca deste ano) e a leva de meninos que vão colocando a cabeça para fora mostram que o trabalho do Peter e equipe sinalizam novos tempos e vida longa ao projeto de reconstrução do clube. Aquelas empresas que citei formaram times galácticos, mas pouco aproveitou a enxurrada de dinheiro para melhorar a qualidade na formação de jogadores ou mesmo investir na estrutura que abriga a garotada. Pelo contrário, Vasco, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, passaram, ou passam ainda, longo tempo de estiagem nas categorias de base.
No Fluminense, até a gestão anterior, isso também ocorria. Mesmo entregando ao futebol nacional e internacional valores do naipe de Marcelo, Wellington Nem, Rafael, Maicon e Alan, a verdade é que Xerém estava em franca deterioração. As instalações estavam ruindo. Hoje, repito, as coisas estão tomando o rumo certo. Wallace, Fábio, Marcos Júnior, Elivélton e Samuel já são presenças constantes em campo ou no banco. E ainda tem Higor, Cássio, Caio, Michael, Wellington, Fernando, que fazem parte do grupo de suporte ao time profissional nos treinos e, vez por outra, também vão para os jogos.
Pena que as dívidas ainda são astronômicas e a amortização passa pelo desfazimento de novos valores, se não, poderíamos pensar em atitudes semelhantes às que os dirigentes de Santos, São Paulo, Grêmio, Internacional, tomam em relação aos seus jogadores: valorizam suas joias e as vendem somente pelo justo preço. Mas um dia chegaremos lá.
Destaques
Nesta longa estrada da vida que é o Campeonato Brasileiro, vários jogadores começam bem e vão ficando pelo caminho; outros, pegam do meio para o fim; alguns, são regulares o campeonato inteiro. Se é um diferencial, leva um time à conquista ou, pelo menos, perto dela. Exemplo? Nosso ídolo mais recente: Conca. Regular em toda a disputa de 2010 levando o Fluminense ao título. Vão passados os meses, os anos, vamos nos esquecendo de um e de outro, mas ninguém se esquece de Dario Conca, a ponto de ficarmos revirando a internet, as redes sociais, à procura de uma notícia que o desembarque nas Laranjeiras.
Em 2012, se o Fluminense terminar sua campanha com o caneco na mão, certamente teremos um ícone: Fred. Mas o artilheiro tem seus coadjuvantes: Cavallieri, Gum e Jean. O goleiro fincou seu nome debaixo dos paus e, agora, ninguém pensa em vê-lo no banco ou negociado. Gum recuperou a confiança e, dentro de suas limitações técnicas, devolveu ao torcedor aquela imagem de guerreiro. Vem sendo fundamental numa das defesas menos vazadas do campeonato. Por fim, destaco o Jean. Ótimo jogador, marca bem, fecha a intermediária, cobre as bobagens do Edinho, carrega a bola, encosta no ataque. Só não pode dar bobeira (suspensão) ou azar (se machucar), se não, o Abel tasca o Diguinho de volta ao time.
O outro candidato forte ao título, o Atlético, tem em Ronaldinho Gaúcho, seu grande nome. Vítor garante lá atrás, a dupla de zaga é muito boa, Marcos Rocha é veloz e aparece bem no ataque, Leandro Donizete é extremamente versátil, Bernard tem muita habilidade, velocidade e visão, mas o RG é o nome do time. Pode nem estar muito acima dos demais, mas seu passado o favorece.
Se o Grêmio conseguir superar seu velho problema na era dos pontos corridos, os jogos fora de casa, o quarteto formado por Elano, Zé Roberto, Kléber e Marcelo Moreno será protagonista da conquista. Os dois jogadores de meio-campo do Grêmio conhecem muito de futebol e são experientes e os dois atacantes se encaixaram muito bem. Apesar de suas infantilidades, Kléber encontrou o estilo ideal para seu jogo. No Grêmio, pode fazer o que mais gosta: sair da área e brigar pela bola. No Palmeiras, tinha dificuldades porque, ao sair, deixava a área deserta. No Grêmio não, pois tem Moreno lá dentro para empurrar para as redes.
O Inter tem seus altos e baixos no campeonato e isso o impede de entrar de vez na briga. No entanto, Fórlan começou a fazer gols e isso pode ser um sinal de mais regularidade daqui para frente. Já tinha dito em outra oportunidade que era questão de adaptação. Arrisco a dizer que o uruguaio fará um excelente segundo turno. Inclusive, Damião pode pegar carona e deslanchar também. Outros dois jogadores me chamam a atenção: Fabrício e Fred. O lateral esquerdo é forte, mas veloz, e chega muito bem à frente. Fred é um menino que corre o campo todo. É desses jogadores multifuncionais que o futebol está desenvolvendo cada vez mais.
O São Paulo também é um time instável. Oscila entre jogos empolgantes (3 x 0 na Ponte Preta) e jogos desesperadores (0 x 3 para o Náutico). No entanto, um jogador vem mantendo boa regularidade: Jadson. Aos poucos, o torcedor brasileiro vai conhecendo melhor esse baixinho que, depois de sair cedo do Atlético-PR, só aparecia na seleção brasileira e, mesmo assim, esporadicamente. É um jogador versátil, corre o campo todo e tem muita facilidade de colocar a bola onde quer. Junto com Lucas e Luis Fabiano, pode provocar uma arrancada neste segundo turno e incomodar os times mais acima na tabela. Ney Franco tem em mãos um trio de altíssima qualidade. Ainda tem o Rafael Tolói, que considero uma das melhores revelações entre os zagueiros brasileiros.
O Vasco da Gama é um time que está bem no Brasileiro desde o ano passado mais pelo conjunto e pela aplicação do que pelos destaques individuais. Juninho é aquele jogador que todos conhecem, mas tem jogado mais pelo grupo do que procurando brilho pessoal. Fagner e Rômulo foram, também, responsáveis por essa ressurreição vascaína, mas já estão longe e fazendo falta.
O Corinthians já vive no mundo do sol nascente, mas tem em seu goleiro Cássio, merecidamente convocado para a seleção brasileira, um dos grandes nomes. A dupla Ralf e Paulinho também contribui para um jogo muito eficiente.
O Cruzeiro apostava muito em Montillo, mas o argentino vem em má fase desde o Brasileiro do ano passado.
Alguns times estão vivendo de estrelas solitárias, casos de Botafogo e seu famoso holandês Seedorf; Flamengo com Vágner Love; Santos de Neymar.
Até o Palmeiras, mesmo com toda a sua agonia, tem seus destaques: Bruno e Barcos. O problema é que, entre um e outro, há um time muito fraco e que se iludiu com a conquista da Copa do Brasil.
A Ponte Preta e o Náutico estão complicando quando jogam em casa. A Macaca conta com Cicinho e, agora, Giancarlos para assustar em Campinas; o Náutico conta com o oportunismo de Kieza, os chutes de Souza e a correria de Araújo para deixar os adversários aflitos em Recife.
Por fim, restam Portuguesa, Coritiba, Sport, Atlético-GO, Figueirense e Bahia, que têm, no campeonato, a função de perder.
Mauro Jácome
Panorama Tricolor/ FluNews
@PanoramaTri
Revisão: Rosa Jácome
Contato: Vitor Franklin
Boa análise. O grande adversário do Flu neste campeonato é si próprio. Se conter a euforia e os seguidos cartões e as lesões tem muita chance de ser tetracampeão.
Vamos ver
“Conter a euforia”. Essa é a chave. Principalmente porque vai enfrentar três adversários mais fáceis que os últimos: Portuguesa, Atlético-GO e Náutico. Esses dois no Rio. Mudando de assunto, dois caras que estão dando o sangue são Jean e Wagner. Estão sendo fundamentais no estágio atual no campeonato. Carlinhos também. Melhorou muito. No entanto, Carlinhos e Wagner se machucaram lá no sul. Espero que se recuperem para quarta. Esse excesso de contusões também me preocupa.
Mauro o Valencia não vaga nesse time não? Tudo bem que esta na seleção Colombiana, mas o Abel não consegue vê-lo. E o Bruno quando vai chegar ? Ate agora futebol que é bom nada.
Me ajude a entender essas divergencias que só o futebol tem.
Grande Abraço.
Maurício, vou defender o Abel nessa do Valência. Ele tinha assumido a titularidade, no entanto, machucou-se. Ficou um tempo fora e, quando voltou, machucou-se novamente. Voltou e se machucou pela terceira vez. Quando retornou recentemente, entrou em dois jogos e foi convocado para seleção colombiana. Por outro lado, o Edinho, inacreditavelmente, está jogando bem. Quando retornar, acho que ficará como opção no banco. O que não é má ideia, pois quando entra ajuda a segurar um resultado. Mais cedo ou mais tarde entrará. É uma posição que leva muitos cartões. Com relação ao Bruno, não há o que falar. Foi gato por lebre. O Abel até tenta o Wallace, mas acho-o muito imaturo ainda. Tem muito potencial, tem velocidade, mas falta-lhe um pouco de confiança. O Flu precisará contratar um novo lateral para o próximo ano. Neste Brasileiro, três laterais-direitos me chamam a atenção: Cicinho da Ponte, Patrick do Náutico e Marcos Rocha do Atlético. Não sei se dariam certo. Mas poderia arriscar nos dois primeiros. O do Atlético não sai de lá.