Estopa, o Garotinho narrou.

Tem peixe na rede do atraso. Choveu na horta do Fluminense.

O desfecho das eleições deste sábado não poderia ser outro, por tudo o que representou o cenário eleitoral do clube: a verdadeira vanguarda contra o verdadeiro atraso. O futuro contra o retrocesso. A seriedade contra o deboche. A fidalguia contra a truculência.

A literatura contra o tititi megalômano.

Seria natural, num clube gigantesco como é o Fluminense, a pluralidade de conceitos, movimentos e mesmo candidaturas. Entretanto, isso não aconteceu agora por um simples motivo: era constrangedor não reconhecer o trabalho e a luta da gestão de Peter Siemsen, exceto pelos avatares dos Irmãos Metralha que, por décadas, lotearam o clube como se fosse um playground particular, apoiados em sobrenomes e “tradição” – a última insanidade foi tentar proibir a entrada dos sócios-torcedores no clube por ocasião do pleito, felizmente desfeita a tempo – e que lembra o abominável longo momento em que funcionários e jogadores entravam no clube pela porta dos fundos.

O que dizer de pessoas que, sabedoras do total descrédito perante o eleitorado e a torcida do Fluminense, criaram a candidatura de Delei a dois meses da disputa para servir de camuflagem dos verdadeiros propósitos? Qualquer um deles não teria cem votos. Delei foi, acima de tudo, uma solução desesperada de um grupelho – reflexo típico do amadorismo da turma quando teve o Fluminense nas mãos.

O que dizer do comportamento fascistóide de correligionários destas mesmas pessoas, ameaçando divergentes  via internet e pessoal através das mais variadas práticas?

O que dizer sobre quem empenhou a bandeira de tapete vermelho a Rubinho FERJ? Ou a farra dos ingressos na Libertadores? Ou das dezenas de rodadas na zona de rebaixamento nos “trabalhos” anteriormente feitos?

Tudo isso já seria suficiente para explicar a colossal vitória de Peter Siemsen nesta eleição. Mas há mais em jogo. Foi o nocaute de um comportamento sobre o outro. Aquele Fluminense de jeitinhos, calotes e mumumus nos corredores acabou. Da farra dos ingressos. Da eterna luta contra o rebaixamento. Do champagne. De seis treinadores em três meses.O Fluminense da porrada, do “você sabe com quem está falando?”, da mumunha e do casuísmo acabou. Faleceu. E não deixou saudades.

Peter foi reeleito merecidamente com sobras. Massacre. Capote. Nocaute. Tyson contra Maguila.

A torcida sabe muito bem distinguir as coisas. À saída da apuração, Delei – eterno ídolo em campo – experimentou a sensação de ser carregado pelos presentes no clube, muitos com a camisa verde da chapa 2 de Peter. Uma cena difícil de ser entendida por parlapatões arrogantes mas facilmente absorvida pelos tricolores de raiz.

O grande vitorioso foi o Fluminense.

Agora é arregaçar as mangas, pois a luta no Brasileiro neste jogo contra o Santos é essencial. E um 2014 bem diferente de 2013.

Quanto aos oportunistas que se enrustiram na chamada oposição – não me refiro aos eleitores comuns, mas à velha turma que se acha dona do Flu – peitos-de-pombo que dizem saber tudo do clube e nunca chutaram uma bola – recalcados decadentes que querem usufruir de pequenos poderes como único meio de afirmação pessoal – fracassados em busca de um lugar para se escorarem – uma boa dica é uma reunião de avaliação nos arredores da Perimetral.

Melhor lugar para escombros de desabamento não há.

Cheguei até esta linha sem uma única caixa-alta ou estrambóticas exclamações. Como um escritor de verdade, não posso me dar a tais arroubos. Com humildade, estou ao lado dos vencedores.

E é só.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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