Outro dia, em uma brincadeira muito infeliz, disseram que o Fluminense não tinha ídolos e seu maior expoente era o Celso Barros, presidente da nossa patrocinadora. Claro que inúmeros tricolores se manifestaram prontamente contra tamanha injustiça, citando praticamente todos os nomes que fizeram história nas Laranjeiras e consequentemente no Brasil.
Mas afinal, do que são feitos os ídolos? De títulos e cifras? De suor e lágrimas? Pode parecer clichê, mas acredito que um ídolo só é completo quando o é de corpo e alma. Infelizmente não poderei citar todos que assim foram no Fluminense, pois isso me custaria todas as publicações até o fim do ano. Então gostaria apenas de trazer da memória do futebol alguns desses representantes e convido vocês a lembrarem de outros e postarem nos comentários.
Mesmo quem não viveu na época do Castilho, assim como eu, já ouviu sua história. Em 1957, após contundir seu dedinho esquerdo várias vezes, o goleiro teria que realizar um tratamento de dois meses para ficar bom. Pensou um pouco e perguntou ao médico: -“E se eu cortar o dedo?”. O resultado disso foi que apenas duas semanas depois, Castilho já estava defendendo novamente o gol tricolor, com a mesma competência. E tem gente que chama de herói o jogador que fica em campo mancando. Vai entender…
Renato Gaúcho, apesar de toda a banca foi mais um que desempenhou um papel de ídolo maior. Não é ídolo do Fluminense apenas pelo gol de barriga (o qual tanto lembramos a vocês aqui no Panorama), mas também pela sua camaradagem. Nem todos sabem, mas com o nosso time muito mal das pernas naqueles fatídicos anos de rebaixamento, ele ajudou a bancar de seu próprio bolso o salário de funcionários e jogadores.
Gostaria também de colocar nesse rol, dois jogadores mais recentes: Thiago Silva e Conca. O “Monstro” (que tenha boa sorte no PSG) conquistou a Copa Do Brasil de 2007 e ainda foi a nossa principal peça defensiva na Libertadores de 2008. Mas não é só isso que o coloca como ídolo tricolor. Ele ama o Fluminense e é eternamente grato pelo o que o clube fez por ele. Logo após a derrota para a LDU, diversos jogadores debandaram atrás de mais dinheiro e fama, enquanto ele já com a proposta do Milan no bolso, bateu o pé e disse que não sairia até o fim do ano, pois o Fluminense ainda precisava dele.
Já falando do argentino mais querido do Brasil, sim, ele foi campeão brasileiro, mas também não é o título sozinho que o colocou nos corações tricolores. Primeiro ele foi um dos poucos a ficar após 2008 e sobre suas costas ficou o peso do “quase”. Em 2009 foi o cacique dos guerreiros e em 2010, conseguiu jogar todos os jogos do brasileiro com seu joelho machucado e ainda faturar o prêmio de craque do campeonato. Foi embora por causa de uma proposta que ninguém em sã consciência recusaria, mas se despediu chorosamente e prometendo voltar. E ainda existem aqueles que não entendem o porquê de o querermos de volta a qualquer custo.
Eu não poderia fechar esse texto sem lembrar uma atitude recente do Deco, que ao receber e ajudar um menino fugido de casa por querer se tornar jogador de futebol, mostrou que acima do jogador está o ser humano.
Saudações tricolores aos ídolos de verdade!
Rodrigo César – O Rods