O Brasileiro começou a deslanchar. Aos poucos, vamos visualizando as potencialidades de cada time. Ainda há movimentação no mercado. Uns comprando aqui, outros ali, mas nada de excepcional chegando. Juninho Pernambucano do Vasco junto a Alex e Scocco, ambos do Internacional, talvez, sejam as maiores contratações. Cris, Fernandinho, Chicão, André Santos, Thiago Ribeiro não alterarão o perfil dos seus times, nem o equilíbrio de forças.
No entanto, não se pode dizer o mesmo das saídas. Paulinho e Bernard são exemplos de perdas significativas. Pode-se incluir nessa lista Wellington Nem. O de 2012, quando teve participação efetiva no título do Fluminense.
Até o momento, com pouco mais de um quarto dos jogos realizados, é possível segmentar os times em três grupos: os que vão ficar nas cabeças, os intermediários e os que ficarão na rabeira da tabela. Com relação ao Fluminense, não o coloquei em nenhum grupo. Afinal, temos o semestre todo para destrinchá-lo.
Dentre os times que, na minha visão, irão disputar o campeonato estão: Cruzeiro, Botafogo, Internacional, Corinthians, Grêmio e Coritiba.
O Cruzeiro foi o time que mais se reforçou no ano: Dedé, Éverton Ribeiro, Souza, Júlio Baptista, Willian e Luan. Além disso, se livrou de algumas malas do tipo de Wellington Paulista. O goleiro Fábio está em grande fase. Percebe-se, pelo elenco, que é um time leve, com exceção ao Júlio Baptista. Aliás, essas contratações de jogadores que estão fora do país e há muito sem jogar devem ser vistas com cautela. A lembrança que fica é a do jogador em atividade. O time mineiro tem a estrutura ideal para o Brasileiro: goleiro de primeira linha, pelo menos um bom zagueiro, meias que misturam experiência (Júlio Baptista) e rapidez (Éverton Ribeiro e Luan). Na frente, veio o ex-Corintiano Willian. Bom jogador. O ponto mais frágil é a inconstância de Borges.
Seedorf dá ao Botafogo a qualidade, a experiência e, principalmente, a mentalidade de vencedor. Isso é fundamental a um time que vinha sempre dando falsas ilusões. Vai ser campeão? Não sei. Tem outros times fortes no caminho. A estrutura é boa: Jeferson, Dória, Renato, Seedorf e Lodeiro. O ataque é que destoa. No entanto, o alvinegro contratou Elias, que é muito oportunista. Ainda tem a promessa Bruno Mendes. Quem sabe reencontra o caminho do gol?
O Internacional, na era dos pontos corridos, sempre queima línguas. Neste ano, porém, os gaúchos vêm muito fortes. Perderam a ótima revelação Fred, mas, logo, contrataram substitutos: Alex e Scocco. O argentino foi um dos grandes nomes da Libertadores. É rápido, driblador e tem visão de jogo e de área. Alex não deve ter problemas de readaptação, pois ficou pouco tempo fora. Ainda tem o Leandro Damião, que não saiu, Forlán, D’Alessando e Jorge Henrique. Juan é uma incógnita, pois não sei se terá fôlego para um campeonato longo e imprensado (culpa da Copa das Confederações) como o Brasileiro.
A saída de Paulinho e a acomodação após o título mundial colocaram o Corinthians numa zona morta. Não se sabe o rumo que o time tomará. Quando se pensa que vai engrenar, perde jogos fáceis. No entanto, não se pode desprezá-lo. Acho difícil que seja o campeão, mas acredito que irá melhorar a posição e encostará nos líderes. Chegando à parte de cima da tabela, pode se empolgar. Renato Augusto, Danilo, Emerson e Pato são jogadores de alto nível e tem, ainda, o competentíssimo técnico Tite.
O Grêmio, da mesma forma que o Internacional (coincidência?), patina nos pontos corridos. Tem bom elenco. Zé Roberto, Elano, Barcos e Kléber, dentro da realidade do futebol brasileiro, dão qualidade ao time gaúcho. No entanto, é preciso resolver o problema da falta de vitórias quando joga fora de casa. Renato Gaúcho ainda não acertou a mão, inclusive, não pode dar sopa para o azar como aconteceu na quarta-feira, ao perder em casa. Abel, Ney Franco e Muricy estão por aí.
Por fim, relutante, coloco o Coritiba nesta lista. Não tenho muita facilidade para ver favoritismos além dos grandes times brasileiros. O Coritiba já foi campeão, mas o vejo como time médio. É um dos poucos times que ainda adota o 3-5-2. Com exceção ao Alex, o elenco é bem homogêneo. Vanderlei é um bom goleiro. Victor Ferraz é um lateral leve, muito rápido e não tem medo de ir para cima. Emerson é um zagueiro que gostaria de ver no Fluminense. Esteve muito tempo machucado, mas voltou e recuperou a posição. O lateral esquerdo, Diogo Goiano, é muito fraco. O grupo de volantes faz o feijão-com-arroz. Na frente, David tem seus altos e baixos. Alex é o cara. A posição do Coritiba no campeonato será diretamente proporcional à presença de Alex em campo.
Terminado o grupo de ponta, temos vários times de meio de tabela. Esse pessoal pode surpreender e subir ou decepcionar e se misturar àqueles que ficarão na nau dos desesperados. São Vitória, Atlético-PR, Bahia, Vasco, Flamengo, Santos, Atlético-MG e São Paulo. Vitória, Atlético-PR e Bahia dispensam maiores comentários em virtude da obviedade. O Vasco tinha tudo para fazer parte dos fortes candidatos ao rebaixamento. No entanto, algumas contratações devem salvá-lo de novo vexame. Fagner é um bom lateral. Inclusive, Eder Luiz tende a crescer de rendimento. O goleiro é fraquíssimo. Tenho ouvido muitos elogios ao Rafael Vaz, mas eu não vi grandes coisas nele. André é filhote de Neymar. Faz um golzinho aqui, outro, ali, mas, no geral, é fraco. Quem melhorou muito o time de São Januário foi o Juninho. Com experiência, conduz o time.
O Flamengo e o Santos são times muito parecidos. De vez em quando, um lampejo. No entanto, vão decepcionar mais do que dar alegrias ao torcedor. O time paulista passa por aquela fase normal de transição depois de perdas significativas. Edu Dracena e Léo já deram o que tinham a dar. Giva, Neilton e outros garotos ainda precisam de afirmação. Arouca e Cícero são jogadores de qualidade. Na frente, William José, certamente, não resolverá nada. Claudinei Oliveira não resistirá por muito tempo.
O Flamengo tenta quebrar um forte declínio administrativo. Após gestões catastróficas, que deixaram o clube em colapso, a atual tenta um mínimo de fôlego para montar um time competitivo. Dizem que 2014 será o ano. Pode ser. Mas, voltando a 2013, a coisa está complicada. Chicão foi contratado para a zaga. A conferir, pois estava há um bom tempo fora do time do Corinthians. Além disso, não é novo. André Santos começou bem no Grêmio, mas depois afundou. Marcelo Moreno é bom atacante. Mano Menezes está tentando montar um time que recua todo e parte em velocidade, ou seja, baseia o jogo no contra-ataque.
O São Paulo é uma confusão só. Rogério Ceni e Luís Fabiano funcionam como gasolina para qualquer fogueira. Não resolvem em campo, mas fora dele, colocam o time paulista nas manchetes. Ganso parece que só jogava com Neymar. Talvez não passe de promessa. O resto do elenco é limitado. Se as coisas se acalmarem, terminará o campeonato esquecido, ou seja, nem em cima, nem embaixo.
Para fechar o grupo intermediário, tem o Atlético Mineiro. O título sul-americano deixou o Galo de ressaca. À medida que o Mundial se aproximar, o Galo esquecerá o Brasileiro. Deve tomar cuidado para não depender de tantos pontos na reta final. No entanto, acredito que o time mineiro acumulará vitórias para ter, internamente, um final de ano tranquilo e só se preocupar com Marrocos. Inveja…
Náutico, Portuguesa, Criciúma, Ponte Preta e Goiás vão viver o inferno até dezembro.
É isso. Vamos observando as rodadas e ajustarei minhas previsões de acordo com os movimentos das peças no tabuleiro. Falar é fácil, né?
Mauro Jácome
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Pré-revisão: Rosa Jácome
Imagem: reprodução
parabens maurao, muito bom…….