SHOW NO CAMPO, SHOW NAS RUAS E VEXAME NA ABERTURA E ENCERRAMENTO DA COPA
Acabou-se o nosso carnaval.
Acabou a Copa das Confederações. O Brasil cumpriu o seu dever e venceu com méritos o torneio. Fez jus ao título de pentacampeão e maior vencedor de torneios da FIFA.
No campo foi indiscutivelmente a melhor das sete seleções.
É, sete mesmo, porque o time do Taiti, com as devidas escusas aos irmãos da Oceania, é um arremedo de seleção de futebol, um convidado trapalhão, que na verdade só fez passear no Brasil. Apesar do critério de juntar uma seleção de cada continente, não consigo entender como a FIFA, sempre tão cuidadosa na promoção de seus torneios, tenha criado um critério de classificação de países para disputar um torneio de alto nível, que permite que uma seleção amadora, que pratica futebol de várzea, um time juntado por pessoas que jogam apenas em finais de semana, participe de uma copa de alto investimento e exposição. Teria nisto um fim político? Eleitoreiro? Ou será que, num espasmo magnânimo, demonstra o seu compromisso maior de divulgar e desenvolver o futebol no mundo, resgatando povos alheios ao esporte como forma de uni-los em torno de ideais nobres, que o desporto pode representar? Mas, se for isso mesmo, por outro lado não contradiz com a exposição do Taiti ao ridículo, pior do que o episódio da Jamaica abaixo de zero?
No jogo final, a Espanha parece que deu sinais de esgotamento do tic-tac que tanto encantou os fãs do futebol nos últimos anos, assim como aconteceu com o carrossel holandês, o WM, o 4-2-4 e tantos outros esquemas táticos que surgiram como revolucionários, mas que sucumbiram quando se descobriu como neutralizá-los. Muito natural.
A salientar a empáfia do jornalismo espanhol e de alguns influentes da Fúria, que chegaram até a dizer, conforme divulgado, que, no momento, o Brasil teria que pagar para jogar com a Espanha, tal a diferença que separava as duas seleções. Ledo e fatal engano. A Itália já havia mostrado ao Felipão como parar o tic-tac espanhol. Nosso técnico não perdeu tempo e armou o time de forma a evitar o toque de bola espanhol, destruindo a maioria das trocas de passe e forçando o erro. Deu mais do que certo e garantiu o título aos canarinhos. No final das contas o esquema espanhol mais pareceu os versos da canção “O Relógio” de Vinícius de Morais: “…que já estou muito cansado, já perdi toda a alegria de fazer meu tic-tac dia e noite, noite e dia”.
Enquanto isso, nas ruas do Brasil, o povo chamou a atenção do governo e dos políticos para as mazelas que o incomodam e mostrou que não somos mais apenas o país do futebol. Esta foi outra vitória brasileira nesses tempos de copas de futebol.
Infelizmente nem tudo foi somente beleza e perfeição. Tanto a abertura, sem contar com as vaias na Dilma e no Blatter, e mais ainda o encerramento da Copa das Confederações mostrou uma falta de organização e de criatividade das apresentações que fez vergonha. Os jogos em outros países mostram bom gosto, ensaio rigoroso e padrão de qualidade das apresentações, que, confesso, me deixam muito triste com o que o Brasil apresentou. Muito pobre em termos de espetáculo, coreografia e apresentação plasticidade. Pareceu coisa improvisada, de última hora. Tivessem dado a missão para um carnavalesco de escolas de samba certamente teria saído muito melhor.
E também nas ruas tivemos atitudes vândalas que infelizmente mancharam os movimentos.
Mas, pelo menos no futebol fomos imbatíveis e demos uma demonstração de capacidade para o mundo. Show de bola!
E o nosso Fred já está na mira dos ingleses. Uma pena para o Flu, mas bom para ele.
Jorge Dantas
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Rods comenta:
Fica tranquilo, Jorge. Fred fica.