Eu não saberia dizer qual foi a ultima vez que vi um jogo realmente empolgante da seleção brasileira, daqueles que me trouxessem Edinho de volta fuzilando os uruguaios em 1979 no Maracanã. Talvez os 3 x 0 contra a Argentina, começo da Era Dunga, casa de Zeh Catalano no Arpoador. O fato é que há muito tempo o futebol que inventamos não era mais visto na camisa canarinho, por um ou vários motivos. Ou quando os jogadores não tinham o ar cansado, quase de tédio, no perfilar para a execução do hino.
Então, como se homenageasse os 96 anos do velho Saldanha no próximo dia 03, depois de amanhã, a seleção por uma tarde voltou a ser brasileira de verdade: jogou como nunca, trucidou os campeões mundiais e mostrou que ninguém é pentacampeão sem méritos.
Mal foi dada a saída, Fred mostrou porque é um dos maiores artilheiros tricolores da história: meteu 1 x 0 no chão, na raça. O escudo do Fluminense brilhou como nunca nestes dias de luta. Implacável na marcação e impetuosa no ataque, poderia ter feito 2 x 0 muito antes de Neymar acertar o petardo no ângulo direito de Casilhas, ao fim da primeira etapa.
Segundo tempo, novamente de cara Fred foi o Fred de sempre, perícia e frieza, canto esquerdo, 3 x 0, fatura liquidada. A linda Shakira Isabel ainda viu seu marido Piqué ser justamente expulso depois de um sarrafo em Neymar. Com três na sacola, os hispânicos ficaram atordoados como se vissem as notícias econômicas de seu país, enquanto o jogo da final da Copa das Confederações virou um treino de luxo.
David Luiz foi um gigante ao salvar gol certo no primeiro tempo. Fred, Neymar e Paulinho foram monstros. Julio Cesar brilhou quando foi preciso, inclusive no pênalti desperdiçado por Ramos. Fred foi o craque do jogo, do título e da Copa, mesmo que dona Fifa, sempre em acordos tenebrosos, não tenha chancelado o óbvio.
O titulo não serviu – e nem servirá – para calar a voz e a dor das ruas, nem o fascismo policial ao redor do estádio. Os brasileiros querem mudanças estruturais e de comportamento. E de caráter. Pão e circo já não são suficientes. E ainda falta um bom lugar no velho Maracanã para os mais humildes, os menos abonados, o povo que ali sempre teve sua segunda casa. Sim.
Mas num momento, numa tarde que nem é desse julho que já estreou, foi bom ver que a camisa da seleção brasileira ainda pode ser vestida com talento, garra e vontade.
O velho Saldanha, tão honrado pela juventude que protestou pela Tijuca afora, também foi tributado pelos craques em campo.
O último domingo de junho parecia ser naquele tempo das feras – as feras do Saldanha, do mesmo jeito que aquele 1969 prometia, incendiário dentro e fora do futebol.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: globoesporte
Perfeito!
Agora temos as feras do Felipão!
SSTT4!!!!