Sir Rods, o Marquês do Laranjal, em seu texto desta semana destacava a possível volta do argentino mais tricolor de todos para o Reino das Laranjeiras. Daí pensei que isso poderia ser um bom mote para esta sexta-feira. No debate, a ideia predominante é a empolgação pela volta de Conca, como a maior e mais importante contratação já feita pelo Flu. Obviamente, essas tintas fortes com as quais se pintam as notícias têm origem na idolatria, sentimento do qual não compartilho.

Mas, enfim, Conca seria a contratação que precisamos? Essa é a pergunta a que se deve responder. Muitos o colocam como salvador da pátria, obtendo assim, minha discordância. Inicialmente, devemos colocar as coisas em seu devido lugar: não há pátria a ser salva. O Flu não está em situação desesperadora como alguns gostam de enxergar.

Reproduzo meu comentário ao texto de Sir Rods: “o Conca que saiu daqui era um excelente jogador. Vestiu bem nossa armadura de guerreiro e emprestou-lhe o toque de classe. Tomara que volte, mas não é essa a contratação de que precisamos”.

Vamos por partes. Conca pode não ser o Conca. Não sei sobre o Darío que pode voltar da China. Mais velho, pode levar um tempo para readaptar-se ao futebol com bola esférica. Afinal, aquelas terras são inóspitas à pratica do esporte bretão. Dizem que futebol não se esquece, que é como andar de bicicleta, mas mude a bicicleta e veja que há um tempo para adaptar-se.

Confesso que não é o reforço que estou esperando. Precisamos de defensores, talvez um lateral direito e de um meia armador clássico. Sim, muitos dirão que Conca pode ser esse jogador. Entretanto eu não o vejo assim. Conca é meia atacante e não é jogador psicologicamente atuante para liderar o time.

Só falo isso porque Já vi muita gente idealizando o jogador. É a tal maldição do ídolo. Na segunda passagem vai ter de jogar muito mais para não ser impiedosamente cobrado.

Só que a estatística mostra que existe uma variação de performance em qualquer atividade. Assim, ao longo do tempo, todos os resultados tendem a uma média representativa da qualidade do jogador (claro que a média do Conca está bem acima da do Edinho, por exemplo). Um ano muito bom – como o de TN em 2008 – é um ponto fora da curva. Assim, em sua volta, pareceu jogar muito menos ou que esquecera o que é futebol.

O mesmo acontece dentro da temporada, quando jogadores jogam bem ou mal alguns jogos, mas mantêm a média, no geral. Isso explica porque, por muitas vezes um “banco” resolve. O jogador em má fase está jogando abaixo da sua própria média de atuações. Após a “geladeira”, quando volta, é mais provável que jogue dentro da média, parecendo que o castigo surtiu efeito.

Claro que não é a aleatoriedade que rege todo o futebol (ainda que seja um fator a ser considerado), há os treinamentos e ensaios que aprimoram as habilidades, fazendo a tal reta da média ser levemente crescente. É isso que se espera do nosso comandante a partir da extensa cobrança técnica e tática. Mas não se pode esperar que todo o tempo estejamos acima da média de nossas próprias limitações.

Que volte Conca. Será sempre bem-vindo nas Laranjeiras. Mas que a torcida saiba que quem volta não é o personagem de 2010, mas um jogador que vai ter seus altos e baixos e que precisará de tempo para se readaptar. Que a torcida saiba disso e saiba esperar. Apoiando, é claro.

Walace Cestari

Panorama Tricolor

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