Desacreditados (por Walace Cestari)

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Tempo nublado, chuva fina. O clima mostrava que não seria nada fácil. Aliás, o que é fácil para o Fluminense? Nossa história escreve-se à base da superação e da adversidade e não seria diferente o primeiro capítulo desta peça em dois atos chamada quartas de final. Dito isso, vamos ao jogo. O Olimpia começou a partida pressionando, marcando nossa saída de bola e nos levando, invariavelmente, aos chutões. A ligação direta não nos favorecia e tudo conspirava para o aumento do nervosismo do time tricolor.

Mas era nuvem passageira até então. Não da chuva que, fina, insistia em cair; mas da equipe que, aos poucos, empurrou para trás a linha paraguaia e tomou conta das ações da partida. O Flu pôs a bola no chão e passou a buscar os espaços no compacto time do Chaco. O problema é que, apertados, nossos guerreiros fartaram-se de errar passes e, com isso, pouquíssimas chances foram criadas. Clara, nenhuma. A bola circundou a meta adversária, sem jamais preocupar seu goleiro.

O primeiro tempo foi composição de uma nota só: o Fluminense cercou, dominou e, ante o bloqueio, insistiu em viradas de jogo. Faltaram a qualidade do último passe e a conclusão certeira. Ausência de arremates em campo, reclamações recorrentes na arquibancada. O time agrediu, não jogou mal, mas explorou pouco suas maiores qualidades. Carlinhos foi pouco acionado e acabou mais isolado que de costume. Nem, a Joia das Laranjeiras, ainda precisa encontrar o futebol de 2012 e Fred, nosso General da Grande Área, insistia nos passes e jogadas de efeito.

No segundo tempo, a chuva insistia em cair. Talvez um pouco mais forte, mas deixava o cenário inalterado em relação à primeira etapa. O segundo parte, portanto, acabou por ser a cópia da primeira. Mais intensa é verdade. Um jogo disputado quase que inteiramente na metade do campo. O Olimpia, em momento algum, jogou como a equipe que goleara o Newell’s Old Boys ou que tem um dos melhores ataques da competição. O time paraguaio veio ao Rio para não jogar.

E catimbou, e simulou, e discutiu, e retardou. Abusando das faltas, parava qualquer tentativa da artilharia tricolor. Havia um ferrolho instalado frente à grande área paraguaia. Todos atrás da linha da bola, desdobrando-se para não dar espaços a nossos atacantes. O General estava encurralado e pouco fez. Brigou, como de costume, mas não se livrou da incômoda companhia durante toda a partida.

Nosso Pequeno Notável, Jean, buscava espaços para suas arrancadas, mas encontrava uma parede de zagueiros a sua frente. Tudo sempre levava às trocas de passes e inversões, na procura incessantes por um espaço. Para não dizer que não houve perigo real, tivemos três chances: a primeira com Rafael Sobis, que substituiu Bruno, em uma falta que o arqueiro adversário pôs a córner; a segunda com o Guepardo Negro Rhayner, que chegou a driblar o goleiro, mas atrapalhou-se na conclusão; por fim, Wagner esticou-se para alcançar um cruzamento que por centímetros não nos deu a vitória. Lance esse que culminou em sua contusão, fazendo entrar no jogo o Maestro Felipe.

E assim pressionamos. Martelamos até o final. Lutamos como sempre lutamos. O Maestro ainda pôs a Joia na cara do gol, mas não era dia. Vi muitos deixarem o estádio vociferando contra tudo e todos, especialmente contra nosso Comandante-em-chefe Abel. Entretanto, os zeros no placar pesam mais por conta das declarações da semana que pelo jogo em si. Pelos poucos sorrisos na saída, parecera que perdemos nossa classificação.

Eu, aliteradamente, percebi o passado passeando pelo presente. Vi 2007 refazer-se diante de meus olhos: uma equipe tricolor em casa, enfrentando um adversário de camisas brancas com detalhes em preto e calções de igual cor. O placar, 0 x 0 foi o mesmo daquele Fluminese x Figueirense. Saímos tão cabisbaixos como agora. Fomos tão desacreditados quanto hoje. Por isso deixei feliz e tranquilo São Januário. Lembrei que os jornais de 2007 estampavam nossa derrota de véspera. Recordei da mesma comemoração dos jogadores adversários. Mais ainda, tenho vivo em minha memória o exemplo para o futuro que virá: calaremos os críticos. Pois já estava escrito há duzentos anos que a América está destinada a pintar-se de três cores.

Walace Cestari

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: UOL

1 Comments

  1. Eu tbem acredito na classificação, e acho um saco os corneteiros por aí que caem no papo da imprensa e repetem que o time tem que jogar bonito. Eu acho que tem é que ganhar, tem é que jogar com raça. A consequencia dessa raça, com os jogadores que temos, são os titulos que conquistamos recentemente, o resto é balela.

    Mas o que me preocupa hoje é a instabilidade técnica de praticamente TODOS os nossos jogadores. Num partida o Carlinhos arrebenta, na outra não consegue dominar uma bola… numa o Wagner é um mostro, na outra se esconde do jogo… numa o Jean erra todos os passes, noutra é craque de seleção… e ainda temos os que mantem o nivel, mas um nivel baixíssimo, como tem sido o Euzébio, o Edinho, o Bruno, o Nem (meu Deus, o que tem sido o Nem!!) e o Rhayner, que luta muito mas não joga absolutamente nada com a bola no pé.

    Vamos ter que suar um litro certinho pra passar do Olimpia lá, eu confio que vai dar, mas espero que o periodo dessa Copa das Confederações sirva para o Flu voltar a ser o que já foi e equilibrar a peleja com a Atletico. Hoje estamos muito abaixo… temos que admitir! O time anda engessado, sem criatividade e essa instabilidade técnica me faz pensar se não está faltando raça para alguns em alguns momentos.

    Nós torcedores podemos (e devemos) achar que no final tudo vai dar certo, os jogadores é que não podem ficar achando isso, eles tem é que se matar para fazer a coisa acontecer. Assim é que funciona, e as vezes me parece que tem gente dentro de campo mais torcendo do que jogando.

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