Semana decisiva, expectativas, o nervosismo paira no ar. O Fluminense entra em campo na quarta-feira para continuar sua saga na Libertadores. Dessa vez, diante de nós um preocupado Olimpia, que poupou seus titulares no jogo de ontem pelo campeonato paraguaio. No meio da tabela, o time do Chaco volta seus holofotes para a competição continental e vem confiante para a partida no Rio.

O time paraguaio tem qualidade, tanto que goleou o Newell’s Old Boys por 4 x 1 na fase de grupos e ainda venceu os chilenos de La U em Santiago. Não existe, na Libertadores adversário fácil, mas isso é senso comum. Mais ainda, dizer que para o Fluminense nada é fácil, nunca foi. Outro detalhe: do lado de cá da chave, todos os clubes que fizeram o segundo jogo em casa, classificaram-se. Do lado de lá, apenas o Atlético Mineiro confirmou o favoritismo.

Como ponto a nosso favor, Abel contou com um tempo maior para acertar melhor o time, além de recuperar fisicamente nossos jogadores. Em que pese a nova lesão de Thiago Neves, esperamos ver Fred e Nem, por exemplo, com preparo físico equivalente ao do restante do grupo. Imagino que esse tempo tenha sido usado para estudar exaustivamente o time do Olímpia, sua maneira de jogar e suas vulnerabilidades. Acho que falta esse ano um conjunto maior de jogadas ensaiadas nas nossas bolas paradas.

A quarta-feira não reserva o final da história, mas deve ser encarada com profundíssima seriedade. Não levar gols e construir uma vantagem que nos permita jogar sem grandes riscos na partida da volta. O Fluminense dos últimos anos tem se caracterizado por apresentar-se bem fora de seus domínios, graças a um elenco maduro e bem focado. Entretanto, em casa a coisa veio desandando. Por isso, todo cuidado é pouco.

O momento parece ser diferente do cenário da fase de grupos. Time e torcida ensaiam uma simbiose tantas outras vezes vista. Prova disso foi a reunião no centro do gramado para agradecer à torcida no final do último jogo, coisa que já não aconteceu ao longo do ano. Abel sabe bem as armadilhas da competição e já anunciou que a estreia contra o Atlético Paranaense no sábado será estrelada pelos reservas. As sandálias da humildade estão calçadas. Sigamos em nosso passo.

Pensando exatamente nessas armadilhas da Libertadores é que enxergo como erro o que fez o Atlético Mineiro. Apesar de campeão, tomou susto e sufoco do Cruzeiro, precisou se desgastar no segundo tempo da partida, que acabou em confusão. Tudo isso para hoje pela manhã viajar praticamente o dia todo para o México, chegar na terça, treinar na grama sintética na quarta e jogar na quinta contra a boa equipe do Tijuana. Não sou de agourar, mas vejo que o Galo corre um risco desnecessário na Libertadores.

Como não sou atleticano, nem sorrio, nem lamento. O Flu já aprendeu com vitórias de Pirro anteriores, e forjou-se cascudo exatamente por essas situações. O tricolor de hoje não encanta com seu futebol, mas aprendeu que a Libertadores é ganha com suor. Os quinze-mil-de-sempre da quarta-feira devem ter em mente a diferença desse jogo e os cuidados que o cercam. De nossa parte, apoiar, apoiar, apoiar. Em campo, o sangue e o suor de guerreiros que lutam até o fim.

Walace Cestari

Panorama Tricolor

@PanoramaTri