Saiu ontem a convocação da Seleção Brasileira feita pelo técnico Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações. Algumas surpresas dentro e fora da lista, mas ninguém pode dizer que o Felipão não segue uma linha de raciocínio. Aliás, só de aceitar o cargo ele mostrou que, com o perdão da palavra, tem bolas. Afinal, a bomba que a CBF colocou no colo dele não seria aceita por qualquer um. Mas, enfim, segue o jogo e eu vim falar do papel do Fluminense e seus jogadores na Seleção.O tricolor é – injustamente, diga-se de passagem – o quinto time que mais forneceu jogadores para o Brasil em Copas do Mundo. É apenas o quinto graças ao trambique dos botafoguenses amadores de 1934 e às vacas magras que reinaram nas Laranjeiras nos anos 90 e 2000. Para a minha geração (tenho 35 anos) era até normal não ver nomes de jogadores do Flu nas listas finais ou ainda se surpreender como nos casos de Roni (99), Magno Alves e Ramon (2001) na Copa das Confederações em escalações tidas como “B”.

Mas isso mudou. Após algumas tentativas como em 2002 e em 2005, o Fluminense conseguiu em 2007/8 recuperar seu devido lugar de destaque no futebol brasileiro e mundial. Hoje os jogadores tricolores não são nem surpresa e nem azarões nas convocações, são maioria. E é assim que deve ser.

Um pouco sobre a situação dos três (cinco) tricolores que vestem a amarelinha.

Cavalieri

Chegou ao Flu como imposição e ainda sem preparo foi transformado em titular. Longe de estar em forma, foi jogado no banco e caso não fosse seu comprometimento, vontade e seriedade nunca voltaria a ser o goleiro que barrou “São Marcos” no Palmeiras. Neste ano ainda não foi o mesmo que em 2012, mas é continua sendo uma muralha no gol com seu ótimo reflexo e frieza. É titular? Não, mas assim como Jefferson, poderia ser. Ambos são melhores que Júlio César. Mas o Felipão gosta de seu homem de confiança no gol. Foi assim em 2002, quando bancou Marcos, mesmo confessando que o melhor mesmo era o Rogério Ceni.

 Jean

O São Paulo confundiu sua polivalência com “tapa-buracos”, subestimou seu potencial e o passou para o Flu. Sorte nossa que aqui ele encontrou o lugar ideal para se desenvolver e se tornar o dono do meio-campo tricolor. Na defesa passa confiança, sabe cercar e geralmente desarma sem falta. No ataque dá velocidade, cruza, chuta a gol e bate falta. É outro que ainda não repetiu 2012, mas tem moral. Nunca escondeu que só jogaria na lateral direita em caso de necessidade, mas o destino quis que fosse nessa posição a sua convocação. É titular? Não, mas também poderia ser. Mostrou o que pode fazer durante o segundo jogo contra o Caracas. Além disso, Daniel Alves não convence mais e seu estilo de jogo nem é bem de um lateral.

Fred

Sem espaço no Lyon, veio para o Flu. Chegou e fez logo dois gols na estreia. Depois disso, entre um gol e outro sofreu com contusões e se meteu em confusões (com ondas, “sheiks” e caipisakês). Cansou dos altos e baixos e resolveu que ia pegar pra valer. Fred pegou. É o dono, a referência, o capitão do Fluminense. Um jogador que dita o ritmo do jogo e a forma do time jogar. Sem dúvida o melhor camisa 9 brasileiro da atualidade. Muito à frente de Damiões, Jôs e “Fabulosos”. É titular? Claro que sim. Nem poderia ser diferente. É o homem-gol da amarelinha. Fred também vai pegar na Copa.

Thiago Silva

Nada mais, nada menos que “o monstro”. Nunca foi truculento, nunca foi desleal. Com ele na zaga, o time poderia até jogar com nove atacantes. É incrível seu poder defensivo nos desarmes e na cobertura. Quando deixam, vai ao ataque e finaliza com os pés e com a cabeça. Paixão de torcedor à parte, eu não tenho dúvidas que desde 2008 ele é o melhor zagueiro do mundo. Rezo todos os dias pela sua volta. É titular? Titular e capitão. As outras vagas na zaga estavam em disputa, a dele não.

Marcelo

Surgiu em 2005, numa geração de Xerém que não vingou. Muitos foram vendidos antes de se profissionalizarem e outros não se firmaram. Marcelo foi exceção. Extremamente habilidoso e destemido (chegou a ser utilizado como meia-atacante), logo chamou atenção do Real Madrid. Lá, talvez por ainda ser um garoto (hoje tem 25 anos), teve muitos mais baixos do que altos, antes da chegada de José Mourinho. Ainda hoje é visto com um pouco de desconfiança por causa da sua indisciplina dentro e fora do campo. É titular? Sim. Nem vejo adversários para ele na posição. Se conseguir se concentrar no jogo sem deixar o sangue ferver é o melhor lateral esquerdo do mundo. Tem velocidade e, se for preciso, pode definir o jogo.

Hoje eu diria que os cinco estarão na convocação final da Copa do Mundo de 2014. Tem muita água pra rola, mas só depende deles.

Só mais uma coisa: eu sei que a CBF angariou o ódio dos torcedores nos últimos anos, mas que tal esquecer isso e torcer pelo Brasil ou ao menos pelos nossos jogadores? Duvido que alguém vai se zangar a cada gol brasileiro. Pensem assim: pelo menos o presidente não é o Andrés Sanchez.