Carlinhos é baiano. E o estereótipo geográfico diz que deve ser preguiçoso. Aliás, a crítica que sempre lhe foi imputada era exatamente esta: dormia durante os jogos. Jogador sem vontade, preguiçoso. A tricolebagem leva invariavelmente às reclamações sobre nosso elenco. Não imaginem, porém, que é algo fruto de qualquer análise tricolébica: Messi seria criticado no Flu tanto quanto qualquer menino da base.
Mas voltemos à lateral. O Fluminense desde há muito investe em laterais de destaque, invariavelmente revelando ou comprando as revelações na posição. Foi assim com Júnior César e Marcelo, por exemplo; ou com Leandro, Julio César e Bruno. Exceção dos últimos anos, Mariano, foi uma acertada aposta da diretoria para a posição. Carlinhos veio ao Flu pelo que realizou no Santo André, sendo o jogador de destaque no Paulistão.
Embora Carlinhos já tenha se destacado no Santos, clube pelo qual recebeu sua primeira convocação para a seleção, foi no Fluminense que encontrou seu lugar. O grande problema de quem chega cheio de expectativas é concretizá-las, ainda mais sob o olhar crítico-burro da tricolebada geral. Talvez Carlinhos pensasse ter chegado a um clube qualquer (não exatamente qualquer, pois sempre recebeu seus salários), e não a uma família.
Aos poucos ganhou a confiança do treinador, a amizade do grupo e descobriu – parece que não faz muito – que tem uma família bem grande, em três cores, que lhe dará sempre apoio quando precisar. Se a torcida faz a diferença em um jogo, o mesmo pode se dizer de Carlinhos. Lateral de cruzamentos precisos, bom drible, velocidade e que não tem medo da linha de fundo. Apresenta-se sempre como opção para o passe ou para a saída de bola e não se esconde da responsabilidade do jogo.
Autor do passe do gol do título nacional em 2010, fundamental nas conquistas de 2012, Carlinhos ainda enfrenta críticas tricolébicas. Sim, de fato há partidas em que nosso lateral não joga bem e oscila junto com o time. Ainda bem. Isso mostra para todos que Carlinhos, como eu ou você, é humano e tem seus dias bons e ruins. No cômputo geral, muito mais alegrias que tristezas.
Claro que Carlinhos tem seus pontos fracos. Não é Messi ou candidato à Bola de Ouro. Falta-lhe maior atenção defensiva, o que – quando observado desde 2010 – vem sendo trabalhado. Aliás, Carlinhos vem compensando suas deficiências com muita garra e vontade, ou seja, vestiu também a armadura de guerreiro. Guerreiro dos campos, guerreiro da vida que enfrenta e supera seus problemas. Hoje sabe que pode encontrar a força de que precisa no grito que vem das arquibancadas.
O Fluminense é mais que um clube. As três cores pintam corações, ganham mentes e mostram o quanto somos diferentes. Carlinhos está nos braços da torcida. Dono da bola. Calam-se os tricolebas. Tremem os marcadores. Estamos rumando às conquistas. E Carlinhos é pilar de nossas vitórias. Quiçá também o seja na seleção nacional. Carlinhos chora, vibra e se entrega em campo. Com olhos marejados, agradece aos quinze mil de sempre: “Vocês ganharam mais um tricolor”. No fundo, Carlinhos, nós já sabíamos. E seja bem-vindo à família.
Walace Cestari
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Só não entendi bem esse negocio de AGORA ganhamos mais um tricolor…ele era o que pô ?!? Ganhou 2 brasileiros e um carioca e torcia para quem ?!?!
Enfim. O Muricy já dizia que ele é movido a esporro. Depois da bronca faz uma jogadaça que acaba em gol.
Gosto dele
ST
Ele exerce um função defensiva jogando na linha de zagueiros quando o bruno vai a frente. Gosto do Carlinhos e quarta feira ele me fez muito feliz com o futebol que apresentou. Digo melhor que vem apresentando
Wallace, somente a observação de que o Carlinhas é talvez a principal saída do Flu. No futebol essa função chamada de válvula de escape. Então, embora precise sim melhorar alguma coisa na parte defensiva, quem tem grande obrigação de cobri-lo é o Edinho. O Bruno é titular do outro lado justanente pra liberar o Carlinhos.