Amigos, amigas, já que a onda agora é criar polêmica, vamos abastecer um pouco mais a fogueira que nos devora e consome, muito embora a autoria não seja minha, tampouco seja refutável o fato em questão.
Salvo esteja eu com sérios problemas de interpretação de obviedades, o time titular atual de Fernando Diniz é: Fábio; Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo e Marcelo; André, Lima e Ganso; Jhon Arias; Keno e Germán Cano. Se eu cometi qualquer equívoco, me corrijam.
Temos, portanto, Fábio (42 anos), Felipe Melo (40 anos), Samuel Xavier (33 anos), Marcelo (35 anos), Ganso (33 anos), Keno (33 anos) e Germán Cano (35 anos). Devemos ressaltar, ainda, que Keno e Ganso farão 34 anos nos próximos três meses.
Houve um tempo em que jogadores que chegavam aos 30 anos eram considerados velhos para jogar futebol. As coisas evoluíram na medicina esportiva, na fisiologia e na preparação física. Temos casos realmente incríveis, como Thiago Silva, que atua na melhor liga nacional do mundo, apesar dos quase 39 aninhos de vida, lembrando de Zé Roberto, que encerrou a carreira no Palmeiras aos quarenta, atuando com alta intensidade.
Esses jogadores são as exceções das exceções. Em comum, além da mentalidade de atletas, a capacidade de causar desequilíbrio técnico em campo. Por serem, todavia, exceções entre as exceções, ainda hoje, nas ligas mais prósperas da Europa, jogadores que chegam aos 30 anos dificilmente assinam renovações de contrato por mais de 1 ano, ao mesmo passo em que a maioria é descartada para ir defender clubes do segundo escalão do futebol europeu.
Não é ciência, são os fatos, contra os quais não há ciência, no máximo, afinidade. Essa história de que após os 30 anos entramos, obrigatoriamente, em declínio físico é muito relativa. Depende do estilo de vida, da genética, da dieta e da qualidade dos treinos e preparação física. Outra coisa, completamente diferente, é querer acreditar que um time com sete jogadores com 33 anos ou mais não seja um time fisicamente inferiorizado em relação aos demais, para ficarmos nos eufemismos.
Amigas, amigos, não para por aqui. A nossa zaga titular no jogo de ontem seria formada por um senhor de 40 anos e outro senhor de 36 anos. Sim, David Braz tem 36 anos. O que estamos presenciando é uma verdadeira revolução de conceitos, que colocará a Ciência de joelhos, atônita, vencida e ridicularizada. O Fluminense está reinventando o ser humano. Ou, talvez, seja o nosso amado Prêmio Nobel do Esporte não mais do que uma cobaia para uma experiência reveladora.
VALE A PENA RELER: A COLUNA DE P. R. ANDEL SOBRE O MODELO DE CONTRATAÇÕES DO FLUMINENSE.
É claro que vocês vão se perguntar como é que esse time, com mais da metade dos jogadores em fase de declínio físico, conseguiu ser apontado como o melhor da América do Sul ao longo do primeiro quadrimestre desse ano. A única resposta que encontro é a qualidade técnica de jovens e veteranos. Além, claro, da excelência do trabalho de Fernando Diniz.
A qualidade técnica desse time é altíssima, mas isso até pode sustentar um ótimo desempenho por algum tempo, mas não se sustenta ao longo dele. É só observarmos a quantidade de desfalques no curso da temporada, que nos trouxe ao dilema atual e à exibição absurda contra o São Paulo no jogo de sábado, em que o mapa de calor aponta nosso experiente time atuando a maior parte do tempo dentro da própria área e sem molestar o adversário durante quase 90 minutos.
Não, amigos, amigas, não é o modelo de jogo. Estamos falando do mesmo modelo com que terminamos o ano passado atropelando os adversários, proporcionando grandes espetáculos, revividos ao longo do primeiro quadrimestre desse ano. O jogo contra o São Paulo é até atípico, pois não tínhamos em campo um time tão envelhecido, mas é aí que entra o outro problema, que é a baixa qualidade técnica de algumas peças, entre jovens e veteranos.
Acredito, inclusive, que tal fenômeno já foi percebido por quem comanda o futebol tricolor, razão pela qual o perfil do pacote de reforços para a próxima janela é completamente diferente, contando com jogadores que, pelo menos em tese, vivem o apogeu físico, todos com menos de 30 anos. O que nos choca e constrange é que um clube do tamanho do Fluminense possa cometer tão ridícula falha de planejamento, que contraria todos os parâmetros aceitáveis do bom senso.
Falhas que talvez expliquem nossa incapacidade de pressionar a saída de bola dos adversários e a opção tática por defendermos entrincheirados no último terço do campo, evitando o confronto e o desgaste físico, fazendo com que o adversário esteja sempre muito perto do nosso gol e com que Fábio tenha se tornado, no auge dos seus 42 anos, o principal nome da equipe, sem, contudo, evitar que venhamos sofrendo gols em praticamente todos os jogos.
Isso, talvez, seja, também, capaz de explicar o estranho esporte praticado por Jhon Arias e Germán Cano. No caso do colombiano, parece que o objetivo do jogo é correr com a bola o maior tempo possível sem ser desarmado pelos adversários. Quanto a Cano, parece ter inventado o chuteball. Cano, quando toca na bola, o que vai se tornando cada vez mais raro, parece sofrer de uma ilusão de ótica rara, que o faz crer estar solitário no campo, num jogo em que não há companheiros de equipe.
Para quem se aventura a flertar com o velho vício de pedir a cabeça do treinador, muito cuidado nessa hora! Temos o melhor técnico do Brasil. Não queiram ver o que virá depois dele, porque não é nada agradável, ainda mais agora, que teremos um mês inteiro jogando somente quatro partidas, com tempo de sobra para treinar e corrigir essas verdadeiras distorções futebolísticas e humanas, que, acredito, não saíram de sua prodigiosa mente.
Com as contratações em curso, principalmente se tivermos um grande reforço para a zaga, Marlon, para atuar ao lado de Nino, sem saídas na janela europeia, tenho certeza absoluta de que subiremos escandalosamente de produção nas próximas semanas. E é bom que seja assim, porque a má gestão de recursos nos custará muito caro, o que se fará nítido no próximo balanço anual, já que a publicação de balancete trimestral, numa gestão transparente como a atual, é prática em mais absoluto desuso.
Não se iludam. Corremos sério risco de conquistar a Libertadores, mas não devemos nos iludir acerca das práticas gerenciais do Fluminense atual. Elas provocam, já provocaram e provocarão sérios estragos. Que a torcida seja sábia, pare de se engalfinhar na arquibancada e se una para escalar o time, como fez ao longo do ano passado. Talvez seja isso, em seu íntimo, o que Diniz espera de nós, ainda que, tenho certeza, vá dizer o contrário.
Seja qual for o desfecho dessa temporada, o Fluminense não pode mais conviver com esse tipo de gestão amadora e temerária, sem lógica, governança ou transparência. Isso, mais dia, menos dia, com ou sem títulos, vai nos matar.
Saudações Tricolores!