Não gosto de fazer resenhas parciais, enquanto o jogo ainda está em andamento, porque tudo pode mudar de um tempo para o outro da partida e corre-se o risco de se fazer um julgamento do todo pela parte.
Por isso, prefiro sempre escrever depois de finda a peleja, com a cabeça mais fresca e pronto a dar uma visão mais geral do que aconteceu no campo de jogo.
Mas, hoje não me contive e resolvi desabafar ainda no primeiro tempo, quando o Fluminense apresentou um futebol parcimonioso, despretensioso, sem qualquer ambição.
Assim, o que escrevi valeu só para o primeiro tempo.
Parecia mesmo que, assim como contra o Palmeiras, estaria satisfeito com um empate. Embora tenha tido mais posse de bola do que o adversário, foi sempre menos perigoso. O Goiás fez um gol nas costas do lento Gum e poderia ter feito mais dois ou três.
Poderia ter matado a partida e não o fez.
Azar do Goiás.
Enderson tirou o descompromissado Gerson e o substituiu por Lucas Gomes. Mesmo assim, logo no começo da segunda etapa, o time goiano quase amplia.
Lucas Gomes, porém, com muito mais vontade do que o seu antecessor, foi à linha de fundo e cruzou para trás. A zaga esmeraldina rebateu mal, Vinicius encheu o pé e Wagner desviou para o gol dando o empate ao tricolor.
Empate até então injusto, mas em futebol não há como se analisar qualquer partida sob o prisma da justiça. Justiça, na verdade, é bola na rede.
De qualquer forma, no lance seguinte, o imponderável aconteceu. Gum, numa péssima tarde, fechou com “chave de ouro” a sua participação no jogo.
Foi dele o lance que decidiu os rumos de Fluminense e Goiás na bela tarde de inverno em Goiânia. Num mesmo lance fez um pênalti e foi expulso. Merecidamente expulso.
Nesse momento, imaginei, acabaram-se as esperanças. Se com 11 estava ruim, com 10 provavelmente seriamos derrotados.
Nada do que aconteceu hoje teria acontecido, porém, se Gum não tivesse posto a
mão naquela bola e tivesse permitido o drible e o gol do Goiás, ou mesmo se Cavalieri, logo em seguida, não tivesse defendido a penalidade.
Com 2 a 1 para os goianos e menos um em campo, vitória seria algo impensável.
Mas Deus escreve certo por linhas tortas, é o ditado.
Gum foi expulso, Diego defende o pênalti, Enderson reconstitui a zaga e o imponderável acontece.
O Fluminense, da adversidade retirou forças para fazer o que ainda não tinha feito durante todo o jogo e foi para cima do Goiás.
Edson fez o segundo com passe de Henrique, que entrou no lugar de Gum, e o Flu foi guerreiro até o fim.
Faltando dez minutos, a lesão de Vinicius, que o tirou de jogo quando não havia mais a possibilidade de se fazer substituição, deu ainda mais dramaticidade à parte final da partida.
Com oito na linha, o Flu foi bravo e deu uma aula de superação dentro de campo, segurando a vitória até o fim.
O Fluminense fez, diante das circunstâncias, a sua mais importante partida no campeonato até o momento. Foi a primeira vitória fora de casa, uma vitória que valeu mais do que três pontos. Valeu o retorno da bravura, do espírito de guerreiros de uma equipe que, diante do que há na concorrência, pode sim aspirar a sonhos mais altos.
Valeu, Fluminense, por mostrar a todo o Brasil como se joga com honra, como se superam as adversidades, mesmo aquelas que, para qualquer outro, poderiam parecer insuperáveis.
Panorama Tricolor
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Imagem: pra
muito bom ..