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Por conta de seus maus resultados em campo, o time do Fluminense disputará a série B do campeonato brasileiro.
Trata-se de uma difícil e tortuosa circunstância que há de ser superada com a união de tricolores.
Cair, não cairá jamais. Quando nasceu em 1902, o time das Laranjeiras já estava de pé. E continuará assim.
E não tem que pagar coisa alguma. Pagar o quê?
Poucas coisas na vida cotidiana brasileira são mais estúpidas, estapafúrdias e intelectualmente esqueléticas do que a sentença “Pague a série B”.
Convém desconfiar da alfabetização de quem a repete regularmente. Total desprovimento de informação histórica, aliado a um covarde moto contínuo midiático. Nada de novo em se tratando da também histórica página de alianças da imprensa brasileira com os mais corruptos, nocivos e sanguinários segmentos da sociedade nacional.
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Ninguém podia confundir a esperança num resultado salvador com a ingenuidade em não se perceber a gravidade da situação de ontem.
Havia um avião desgovernado a ser salvo. Não foi possível.
Não bastava ganhar, mas também contar com resultados favoráveis em outras duas partidas. Os dados rolaram. Não ofereceram as melhores faces.
O time brigou contra o Bahia e as suas próprias deficiências. Superou-se, mas não foi o bastante. Vitorioso na Fonte Nova, derrotado em 2013.
Não há o que reclamar num descenso com 38 jogos. Foram muitos os erros, alguns perceptíveis desde a Taça Guanabara. De toda forma, era possível crer em tempos melhores que, por diversos motivos, não vieram.
Não estou aqui para fazer papel de vândalo das palavras. A nojenta parte da imprensa esportiva brasileira está mais bem aparelhada para a referida tarefa. Seria cômodo apontar os incompetentes da questão tricolor, fazer o muro das lamentações, posar de doutor das ciências curtas e apagadas com peito-de-pombo, mas soaria ridículo: quem mais grita pela péssima administração das coisas mal administrou a própria casa. Hora de humildade, de reconhecimento de erros, busca de soluções e união. Desagregadores servem para destruir, não para reconstruir.
O novo governo tricolor estreia com a cabeça na guilhotina.
A vida é risco.
A hora é de poucas palavras e muito trabalho.
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Aconteceram muitos e muitos erros em 2013, mas o mais grave talvez tenha sido por conta da ingerência da patrocinadora nas coisas do clube, o que afetou mais do que qualquer eventual trapalhada individual de Abel, Vanderlei e mesmo Dorival – que fez tudo para tirar leite de pedra.
O Fluminense é grande demais para ter um dono ou rei. A conta veio cara demais.
A principal ação definidora do nosso caminho passa por esta mudança de paradigma. Não era beijando as mãos da patrocinadora que se conseguiria nada melhor. Discurso mofado do coronelismo político.
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Mínimos detalhes explicam a diferença da dor de hoje para os alívios de 2003, 2006 e 2008. Vírgulas. Quem defende os “bons tempos” daqueles anos carece de memória apurada.
Em 2009, não. Houve um fenômeno inigualável e que jamais será visto novamente. Quem viu, viu; quem leu, leu.
O Fluminense não foi atingido pelo descenso apenas por conta de ontem. Foi um longo processo. Cinco derrotas com Abel. Nove jogos sem vitória com Vanderlei – claramente boicotado dentro e fora do campo. Quase um turno inteiro. As derrotas para Vitória e Santos mais o empate com a Ponte Preta foram momentos cruciais.
Abusamos da sorte. Ela cobrou a nota.
5
É hora de rever os erros, refletir e agir. Não há o que esperar.
Houve um desabamento em nosso prestígio. Então é remover os escombros e reerguer o prédio. Será preciso muito trabalho, humildade e sacrifício.
Eternamente grato a sujeitos como Cavalieri e os jovens que deram a cara a tapa em campo nas horas mais difíceis – todos com idade para serem meus filhos. Mesmo com todas as limitações, Gum foi guerreiro e marcou gols importantes. Sobis foi um monstro: suas lágrimas sinceras dizem tudo. Dorival, obrigado pela coragem.
Teremos um verdadeiro ídolo de volta: Darío Conca.
6
Os vitoriosos?
Papa-defuntos do futebol: sabiam tudo o que ia acontecer, apenas não fizeram nada para evitar. Uma inutilidade enorme. Que venha o próximo cadáver.
Os boquirrotos covardes no auge do recalque. Sabem de tudo, só não possuem a solução para nada. Se não gritarem, ninguém lhes dá atenção. O grito é a arma dos medíocres. Processos judiciais são a arma de quem opta pela legalidade.
Parte da imprensa esportiva brasileira, agindo como uma espécie de PCC da informação em prol de seu time mais-querido. Contra ela, os sites e blogs tricolores têm a missão de defender o Fluminense do verdadeiro tiroteio que sofre desde ontem. Alinhados ao stablishment, somente os porcos.
O Fluminense perdeu em campo e fora dele. Bem-mencionado por Caldeira, é o novo Cristo do futebol brasileiro.
Tudo tem seu tempo.
7
Eu errei. Eu perdi.
Tentei, como um viajante solitário da literatura, fortalecer o Fluminense com meu trabalho, que é feito com dignidade, respeito e caráter, sem remuneração mas com muito profissionalismo, o que nem todos podem falar, ainda mais quando veem o clube apenas como o meio de se conseguir uma boquinha.
Tentei injetar positividade aos leitores e amigos do PANORAMA.
Tentei juntar as pessoas pelo melhor que elas podem ter: a fraternidade, a amizade, o amor ao Flu, passando ao largo de parlapatões neuróticos e mentalmente transtornados por recalque mesquinho, inveja e principalmente a certeza da própria falta de talento.
Enxerguei brilhos onde o opaco prevalecia. As nuvens cinzas do céu pareciam-me apenas gris. Vi luz no fim do túnel para um avião despencando do céu em chamas.
Então, junto com o Fluminense, o meu coração também foi para a série B.
Melhor assim por ora.
Só preciso do Fluminense porque ele é o meu amor. Mais nada.
Pago ingressos nas arquibancadas há 35 anos ininterruptos.
Nunca fiz dele um objetivo de boquinha ou favorecimento pessoal.
Felizmente, como sou bom escritor sem falsa modéstia – ao lado dos diversos craques da escrita no PANORAMA -, não preciso pagar para publicar meus livros (faço-os praticamente sem qualquer lucro), mas, se precisasse, o faria sem pestanejar. Como não preciso gritar para que as editoras apostem em meu potencial, novos livros em 2014.
Eu teria completo nojo em estar no lugar de quem ilusoriamente me venceu. Argh!
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O Fluminense vai superar tudo porque sempre teve a vocação de nocautear o caos.
Vai voltar ao seu lugar.
Todas as coisas devem passar.
Ter sido vitimado pelo descenso no mesmo dia de aniversário das mortes de Tom Jobim e John Lennon deve fazer sentido.
9
Abominável saber que a minha querida Fiel Tricolor foi alijada da presença na Fonte Nova por mais uma trapalhada via clube.
Trata-se de uma torcida organizada que apoia o Fluminense integralmente, sem escolher estádios para comparecer, lutando economicamente com sofrimento para tal.
Quem não trata bem seus fiéis não será bem-tratado por seus alheios.
10
Nada, absolutamente nada justifica a selvageria ontem em Joinville. Estupidez humana na mais alta escala. Imbecilidade. Primitivismo. Covardia. Desumanidade. Negligência. Crime.
Até quando seremos uma sociedade tão estúpida?
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Times grandes não caem.
Os gigantes caem.
Fluminense e Vasco, Palmeiras, tantos outros.
O Rio de Janeiro não é a cidade de um time só.
O descenso não é a morte. Que o digam Milan, Juventus e River Plate no exterior. O tricampeão mundial São Paulo em sua própria esfera local.
Quem hoje desdenha não sabe do amanhã que lhe espera.
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Minha grande imagem do final de semana foi num ônibus.
Em certo momento do sábado, um humilde vendedor de balas oferecia seu produto com toda dignidade e o esforço físico do trabalho.
Eu nem queria balas, mas sim ajudá-lo. Comprei dois pacotes de Mentos.
Ao me dar o troco, ele abriu uma carteirinha humílima. Num súbito, percebi que o fecho tinha um escudinho do Fluminense preso nele. Agradeci o troco, nos despedimos e lamentei não ter um livro para lhe dar. Preferi não falar nada sobre o Flu, fiquei contente demais com o escudo, depois recuei e disse-lhe “Vai, Fluzão!”.
O vendedor, sorriu, desceu no Jardim Botânico e continuou sua batalha pela sobrevivência. Um tricolor do povo, trabalhador modesto, feito milhares e milhares de outros, hoje muito tristes pelo que aconteceu. Que todos tenham força e paciência, porque vamos superar tudo.
Um grande abraço ao vendedor. Neste exato momento, ele já recomeçou sua batalha diária. E também todos os que fazem deste espaço uma arena tricolor de fidalguia.
Daomanda Duarte, Maurício Lima, Roger de Sena, Fabrício Maturana, Gisele Metello, um mar de gente que nos incentiva com sua presença e carinho. Muitos, muitos.
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Nada é tão definitivo de modo a não colidir contra as voltas do mundo.
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Felipe Melo, pague a Copa do Mundo de 2010.
Emerson, pague a cadeia.
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“Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ não tem discussão/ A minha gente hoje anda/ falando de lado e olhando pro chão, viu/ Você que inventou esse estado/ e inventou de inventar toda a escuridão/ Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão/
Apesar de você/ amanhã há de ser/ outro dia
Quando chegar o momento/ Esse meu sofrimento/ vou cobrar com juros, juro/ Todo esse amor reprimido/ esse grito contido/ Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza/ ora, tenha a fineza de desinventar/ Você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada/ nesse meu penar”
“Apesar de você”, Chico Buarque de Holanda, 1970
Panorama Tricolor
Fluminense de verdade
@PanoramaTri @pauloandel
Fala Andel !
O Fluminense só não jogou a 1ª divisão em 98 e 99. O clube foi rebaixado em 97 (A para B) e 98 (B para C). Em 1996 NÃO HOUVE rebaixamento devido ao escândalo na arbitragem e venda de jogos envolvendo Corinthians e Atlético-PR (Caso Yvens Mendes) e assim nenhum clube foi rebaixado naquele ano e todos jogaram o campeonato de 1997 normalmente.
Portanto NÃO EXISTE NENHUM ‘TETRA’ e a tão falada ‘virada de mesa’ promovida pelo Fluminense NUNCA EXISTIU.
Bola pra frente.
ST
Genial, grande Andel!
Tamo junto, brother!
ST
Vamos renascer das cinzas que nem Fênix. Temos exemplo do passado. Nos aguardem!!
ST!!
Andel, mais uma vez muito obrigado por ter o privilégio de ler os seus textos. Quiçá um dia terás o reconhecimento a vossa altura. Saudações Tricolores.
Grande Paulo.
Só voce mesmo para aliviar nossa dor…
Cheios de bons exemplos – do modesto vendedor de balas ao nobre multi-artista Chico Buarque – não precisamos nos preocupar com bobagens ditas por desqualificados em suas páginas na rede.
Aqui é uma das casas autênticas do Fluminense e as coisas lidas aqui, além de fazer sentido, tocam e marcam nossos corações TRICOLORES para sempre!
Saudações TETR4_TRICOLORES!
Axé, Andel e toda equipe Panorama Tricolor!
Tenho um sobrinho de 13 anos, flamenguista até 2009, hoje um tricolor apaixonado como a gente, me surpreendeu ontem a noite. Confesso que pensei que poderia perder mais um tricolor, assim como meu pai perdeu dois, meus irmão do meio. Com os olhos marejados, imagino, com o coração espedaçado, tenho certeza, perdeu alguns minutos de seu tempo, me fez uma ligação interurbana, ainda estou em Saquarema, me disse aos prantos:
“Tio, eu nunca vou abandonar nosso Fluminense, por favor, acredite em mim…
Parabéns ao jovem grande TRICOLOR!
Paulo-Roberto Andel, cada dia que passa, cada crônica que leio, mas te admiro, não só como escritor, isso, quem sou eu para dizer, na literatura, um mostro, mas existem tantos e tantos monstros, digo que minha maior admiração é pelo tricolor que demonstra ser, a cada palvra escrita, a cada parágrafo inspirado. Parabéns por representar cada tricolor, assim com eu, apaixonado incondicionalmente pelo nosso clube.
Tem hora que só precisamos ler algo assim …. completo, cheio de visão, inteligente e apaixonado… vc descreveu com inteligência nossa queda e com amor o que sentimos pelo Flu.
Belo texto meu amigo … um beijo e ST
Ao final da leitura chorei Andel.
Nada vai mudar o amor que sentimos pelo Fluminense .
ST
Andel,
Parabéns, de coração, pelo belo texto.
Parabéns pelo texto.
Difícil foi conter as lágrimas ao lê-lo.
Caro Andel,
Mais uma vez, suas palavras nos fazem sentir orgulho de termos em nossas fileiras, torcedores com sua estirpe. Que tem o amor incondicional ao Fluminense. Que mesmo na dor da derrota, consegue enxergar que a vida continua e assim a propaga, para que o Fluminense continue com a sua vocação: A eternidade.
Parabéns e que o ano de 2014 seja de redenção.
Andel, eu apontaria as duas derrotas para o Vasco como as responsáveis pelo rebaixamento, mas agora não importa mais!
Vamos todos olhar para frente, 2014 tem a copa do mundo e isso vai fazer passar rápido, logo o Fluminense volta ao topo. Conca vem ai e poderemos ver os jogos com a felicidade que estamos acostumados. Nos últimos anos pela série B os grandes clubes sempre tiveram casa lotada e torcida feliz, é hora de nossa torcida mostrar sua força e ajudar o time a voltar ao seu lugar!
S.T
Amigo Andel, a diferença entre um Tricolor, o VERDADEIRO, para o resto é que somente um Verdadeiro consegue colocar no papel palavras como as que colocaste neste Artigo.
Parabéns… Vai Flusão!!!!
Andel,
Ontem, não chorei, há muito já estava anestesiada. Hoje, com a singela estória do vendedor de balas, coloquei pra fora, o que estava reprimido.
Maravilhosa sua coluna!
Grande abraço.
Sempre tricolor!
Depois desse texto que expressa o mais puro sentimento do TRICOLOR DE CORAÇÃO, o que falar? O que escrever?
Breve voltaremos, mais fortes, mais loucos por vitórias!
ST!
Márcia Uchôa